Com uma das agriculturas mais desenvolvidas do planeta, o Brasil tem conseguido levar, a reboque dos seus resultados no campo, a indústria de máquinas agrícolas. Este ano deve entrar para a história como o de maior vendas, com inéditas 83 mil unidades, segundo projeções da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). O recorde anterior é da década de 1970, com 80 mil máquinas vendidas.
Mas esse retrato de otimismo - neste ano, o crescimento nas vendas deve ser entre 18% e 19% - não se aplica a toda indústria. Pelo contrário, outros segmentos enfrentam o desafio da falta de competitividade. O custo brasil faz a produção nacional emperrar diante da concorrência externa, cada vez mais agressiva.
Indicador da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) mostra que uma máquina produzida no país é 37% mais cara do que similar fabricada na Alemanha e nos EUA. Um dos grandes gargalos são os insumos.
- O setor de máquinas agrícolas está muito bem. É um oásis no meio do deserto - ressalta Hernane Cauduro, vice-presidente da Abimaq.
O assunto entrará na pauta, hoje, em audiência pública realizada na Assembleia. Pesa nesta relação desigual o fato das importações de máquinas e componentes serem uma realidade cada vez mais presente na indústria brasileira. E ainda distante no segmento agrícola. Milton Rego, vice-presidente da Anfavea, diz que atualmente a compra de máquinas agrícolas de outros países gira em torno de 10%. Em contrapartida, na indústria de construção, por exemplo, metade das máquinas vêm de fora.
- Nossa agricultura é muito desenvolvida e de parâmetros específicos. Por consequência, outros países não têm indústria de máquinas agrícolas tão desenvolvida como a nossa - pondera Milton.
Mas é bom ficar atento e evitar o comodismo. Os chineses estão de olho no nosso mercado.
- A indústria de máquinas agrícolas brasileira tem situação diferenciada. Por enquanto - alerta o dirigente da Anfavea.