Impossível falar sobre irrigação no Rio Grande do Sul sem levantar polêmica. O assunto, de grande relevância para um Estado que tem na produção agrícola um motor de sua economia,pautou os debates em recente encontro promovido pelo sistema da Federação da Agricultura do Estado (Farsul). E teve repercussão também entre os leitores do Informe Rural.
De um produtor de Santo Ângelo veio o que ele classifica como"um desabafo". Cultivando 40 hectares com os pais e os irmãos, procurou montar um sistema de irrigação para 20 hectares de milho. Afirma ter esbarrado na questão ambiental, apesar da facilidade de licença automática do programa Mais Água, Mais Renda - prevista para açudes de até 10 hectares e áreas de lavoura de até cem hectares.
- O que adianta ter linhas de crédito se as pessoas não podem acessá-las? - questiona.
Outro ponto polêmico é o custo. O preço dos pivôs fica em cerca de R$ 15 mil por hectare para propriedades de até 50 hectares e entre R$ 4 mil e R$ 5 mil para propriedades com mais de 50 hectares, segundo estudo da assessoria econômica da Farsul. Para o secretário-adjunto da Agricultura, Claudio Fioreze, esse sistema, porém, não deve ser visto como única maneira de promover irrigação.
- Não é correto achar que vamos resolver só com pivôs. No Estado, precisamos de um mix - afirma, citando a evolução no sistema de gotejamento e também por sulcos, com uso de máquinas de microcamalhão, que custam cerca de R$ 60 mil e plantam em média 300 hectares.
A ausência de consenso talvez ajude a explicar por que o Projeto de Lei 60, que trata sobre o Plano Estadual de Irrigação - exigência mencionada durante os debates pelo promotor do Meio Ambiente da Capital, Alexandre Saltz - tenha perdido o caráter de urgência. As entidades querem mais tempo para debater, em especial, a criação do Fundo Estadual de Irrigação.