Prestes a iniciar o plantio de cevada na propriedade da família em Coxilha, no norte do Estado, Lisandro Webber, 42 anos, se dedica no momento a aplicar gesso agrícola no solo. Para isso, conta com uma mãozinha que vem garantindo maior produtividade e melhor qualidade de vida, além de renovar continuamente o negócio, que inclui ainda o trigo no inverno, e a soja e o milho, no verão. A tecnologia.
A ajuda vem de um distribuidor que, junto com uma colheitadeira de ponta, ambos adquiridas recentemente, são responsáveis por um aumento de 20% na produtividade - justificando cada centavo investido pela Sementes Webber na modernização do maquinário.
São equipamentos com grande autonomia. O distribuidor larga no solo exatamente o que cada pedaço de terra precisa, a partir de um mapa de aplicação desenhado pelo sistema informatizado da máquina, que se autorregula automaticamente. A colheitadeira também faz uma radiografia de qual parte da propriedade está produzindo mais ou menos. É a chamada agricultura de precisão. Com o solo corrigido, o pordutor já vê necessidade de melhorar a distribuição das sementes e está atento às novidades em maquinário do mercado.
- Investir em tecnologia é a nossa garantia de sobrevivência. Ter as melhores máquinas, com valor de revenda na hora de troca, foi uma coisa que aprendi com o meu pai - afirma Lisandro.
Os 1,8 mil hectares da propriedade tiveram início em 1957, com Setembrino Webber. Hoje, duas irmãs de Lisandro também tocam o negócio. Há muitas diferenças entre as épocas, a atual e a do pai, e todas estão de certa forma ligadas à evolução tecnológica. Uma delas é a velocidade com que as novidades chegam.
- De 12 anos para cá, as máquinas que a gente vê fora não demoram para aparecer aqui. O que vi numa feira nos Estados Unidos, ano passado, já está disponível no mercado brasileiro - exemplifica Lisandro.
Outro ponto importante é que lidar com a tecnologia está cada vez mais fácil. Lisandro afirma que os monitores de colheita de 2010, com tela sensível ao toque, são muito mais acessíveis do que os surgidos no início da década. Ainda assim, máquinas com tanta tecnologia exigem mão de obra mais preparada. O agricultor acredita que, daqui seis ou sete anos, não será possível ter um operador com menos do que o Ensino Médio completo.
- Na época do meu pai, a mão de obra era mais barata. Até por isso preciso de máquinas que garantam melhor produtividade e mais lucro. Afinal, preciso oferecer salários atraentes para esse operador que estudou- afirma o produtor, convencido de que este é o melhor caminho.
Para Lisandro, investimento em tecnologia explica o salto na sua produção. De trigo, por exemplo: de 3,5 mil quilos por hectares para 4,3 mil quilos por hectares
PALAVRA DE ESPECIALISTA
- Para Luiz Fernando Coelho de Souza, coordenador da comissão julgadora do prêmio Gerdau Melhores da Terra e professor da UFRGS o salto de mais de 170% na produção de grãos do país se deve principalmente aos avanços tecnológicos na área de métodos, processos, sementes e mecanização.
- O marco foi 1960, ano da primeira fábrica de tratores.
- Hoje há uma oferta fantástica, com ambientes informatizados em todas as máquinas. Me assombra a facilidade com que o homem do campo saiu do lombo do cavalo, depois para o trator e agora se vê entre processos eletrônicos. O desafio é a mão de obra que, sem qualificação ideal, não tira tudo que pode dessas máquinas, afirma Luiz Fernando Coelho de Souza.