A conversa tinha um objetivo claro: desmistificar a produção agrícola de um dos principais cultivos do Rio Grande do Sul por meio de um bate-papo aberto e informal. Para isso, representantes de cada uma das etapas que levam o trigo à mesa do consumidor foram chamados – da proteção do cultivo à elaboração da farinha.
— O trigo faz parte da nossa dieta cotidiana. Por isso, é importante sabermos de onde veio e como foi produzido este cereal — disse Thomas Altmann, gerente de desenvolvimento técnico de mercado da Syngenta, dando início ao papo.
Formada em Relações Públicas e defensora declarada do agronegócio, a convidada Camilla Telles concordou, pontuando que a desinformação é um obstáculo para o setor. Para ela, a população precisa de mais esclarecimentos sobre o tema:
— Não tem como produzir em larga escala para suprir toda a demanda sem defensivos agrícolas, por exemplo. A gente tem a mania de comparar o Brasil com outros países, quando a realidade climática é muito diferente — lembrou, enfatizando que há um longo caminho entre a agricultura praticada em países de clima tropical e a de lugares mais frios, naturalmente mais protegidos de doenças e pragas.
Neste ano, os produtores gaúchos colheram um total de 2,2 milhões de toneladas de trigo, segundo informações da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado, a Emater. Os números mantêm o RS como principal produtor do grão no país.
Para o produtor rural Hamilton Jardim, saber proteger o cultivo com responsabilidade é um dos segredos para seguir nesse patamar:
— O Rio Grande do Sul é o único Estado que produz mais do que a indústria moageira demanda. E o que precisa ficar claro para o consumidor é que, antes de sermos produtores, somos consumidores daquilo que plantamos. Por isso, sempre pensamos na melhor maneira de produzir, atentos às boas práticas de cultivo.
André Rosa, diretor da Biotrigo, e José Guimarães, gerente de produção do Moinho Estrela, ressaltaram que a produção do trigo evoluiu em todas as suas etapas.
— Há que se pontuar como notável a evolução da profissionalização da agricultura, incluindo a gaúcha, responsável por parte importante do abastecimento de alimentos do país — afirmou Rosa.
—Hoje existem certificações que regulamentam plantio, transporte e todo o resto para que o melhor produto chegue ao consumidor final — salientou Guimarães.