Especialistas e ativistas que participam da COP16 sobre biodiversidade na Colômbia estão pedindo que o mundo aprenda lições com doenças que recentemente avançaram pelo planeta. A epidemia de ebola e a pandemia de covid-19 destacaram, segundo os participantes, os danos que os humanos podem causar quando interferem na vida selvagem.
Ambientalistas alertam sobre a probabilidade de pandemias mais frequentes e letais no futuro. Segundo Colman O'Criodain, responsável pela fauna selvagem do Fundo Mundial para a Natureza (WWF), quanto mais os seres humanos avançarem em regiões antes virgens, "mais chances existem de novas cepas de vírus serem encontradas".
Para Adeline Lerambert, da ONG britânica Born Free, presente na COP16, a perda de biodiversidade e o desenvolvimento de zoonooses (ou doenças transmitidas de animais a humanos) tem relação com o desmatamento, o comércio e a exploração de animais selvagens, entre outros fatores.
Outra pandemia
O relatório IPBES 2020 pediu uma "mudança transformadora no enfoque global para enfrentar as doenças infecciosas". O relatório calcula que em mamíferos e aves existem 1,7 milhão de vírus atualmente "a serem descobertos", dos quais até 827 mil poderiam ter capacidade para infectar as pessoas.
O plano discutido na COP16 terá a autoridade moral de um documento adotado em um consenso de 196 países, mas não será vinculativo. O documento menciona explicitamente o risco de zoonoses causadas pela destruição do habitat ou pela disseminação de espécies exóticas invasoras pelo homem.
— Um plano de ação voluntário não tem nenhuma consequência se um governo quiser ignorá-lo — enfatiza Lieberman, membro do grupo de trabalho.
Mas ele está confiante de que o medo de uma nova pandemia inspirará ações:
— Se nada for feito, se nada mudar, haverá outra pandemia. A questão não é se, mas quando.