Com o cancelamento dos contratos de servidores terceirizados em diversos Estados brasileiros, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) está trabalhando de forma reduzida desde o último sábado (15). Porto Alegre agora, conta com um meteorologista na função de previsor. Segundo o coordenador do Distrito Meteorológico de Porto Alegre, Marcelo Schneider, atividades não serão interrompidas, mas a operação sofre dificuldades.
Prestes a comemorar 50 anos, o Distrito Meteorológico de Porto Alegre, ou 6º Distrito de Meteorologia (Disme) do Inmet, cuida previsão do tempo, avisos meteorológicos e monitoramento de dados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Até a última sexta-feira (14), os Estados do sul do Brasil contavam com dois meteorologistas responsáveis pela previsão do tempo – um terceirizado que teve o contrato encerrado no sábado e um concursado que deve se aposentar em breve.
— Além disso, temos outros dois meteorologistas, que também estão para se aposentar, que são da equipe de manutenção e costumam ir a campo, solucionar problemas ou fazer testes com as estações meteorológicas. Aqui, no nosso caso, (a redução no quadro de funcionários) não é tão grave porque já tínhamos pouca gente e já estamos acostumados a trabalhar nesse esquema. Agora teremos menos pessoas ainda para dividir as tarefas — defende Schneider.
O 6º Disme não interromperá nenhuma atividade. Avisos meteorológicos, previsão do tempo e monitoramento de dados continuarão sendo serviços oferecidos pelo distrito. O coordenador pontua, porém, que será necessário limitar o atendimento à imprensa, uma vez que não haverá funcionários suficientes para dar conta de toda a demanda. Algumas funções, como a publicação de notas técnicas e informativos, ficarão com a sede do Inmet, localizada em Brasília.
No início do mês, a Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público (Condsef) protocolou um ofício com as reinvindicações dos servidores do Inmet. Entre elas, estão os pedidos para que haja a manutenção e ampliação da equipe técnica e demais funcionários terceirizados, a recuperação da autonomia administrativa e a criação de uma comissão de corpo técnico do Inmet, indicada pelos meteorologistas. O diretor da Condsef, Ismael José Cesar, já conseguiu um retorno positivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), responsável pelo Inmet:
— Na segunda-feira (17), nós estivemos com a coordenadora de recursos humanos do Mapa e cobramos isso. Ela falou que um concurso público foi encaminhado, nesse "Enem dos concursos", e deverão ser contratados 80 servidores para o Inmet, sendo 40 meteorologistas. Isso não resolve o nosso problema, mas ameniza bastante.
O diretor afirma, ainda, que as demais reivindicações deverão ser tratadas com outras equipes do Mapa e do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos.
Segundo Cesar, dos 208 servidores de carreira, 149 já estão aptos para aposentadoria. A falta de concursos é uma das preocupações dos servidores. As novas vagas estão previstas no Concurso Público Nacional Unificado (CPNU), que deveria ser realizado no dia 5 de maio e, em decorrência da tragédia climática que atingiu o Rio Grande do Sul, foi adiado para o dia 18 de agosto. Segundo o edital, o salário oferecido para o cargo de meteorologista é de R$ 6.662,68.
Cenário brasileiro
Em outros Estados, a situação se repete. Segundo O Globo, 50% da equipe responsável pelas previsões do país tiveram os serviços dispensados – cerca de 13 profissionais. Além de Porto Alegre, outras capitais foram afetadas. Em Brasília (DF), há três servidores terceirizados que foram mantidos. No Rio de Janeiro (RJ), não há meteorologistas. Em Belém (PA), três funcionários ainda estão atuando. Em Recife (PE) e Belo Horizonte (MG), há apenas um meteorologista. Em São Paulo (SP), a equipe é composta de dois servidores e um profissional cedido pela Universidade Estadual Paulista (Unesp).