
Após um debate que durou praticamente 15 anos, um grupo de cientistas decidiu que ainda não está na hora de declarar o início do Antropoceno, período da história geológica da Terra que compreenderia as mudanças causadas pela humanidade no planeta. Segundo a Folha de S. Paulo, a proposta rejeitada também incluia uma hipótese de data e local em que a fase histórica teria começado.
Atualmente, a Terra vive o Holoceno, período que iniciou há cerca de 11,7 mil anos, com o recuo de grandes geleiras. Na história de 4,6 bilhões de anos do planeta, a fase representa um intervalo pequeno. Admitir a entrada do Antropoceno na cronologia significa reconhecer que as mudanças provocadas e intensificadas pelos seres humanos impactaram o suficiente a estrutura geológica do planeta a ponto de terminar de vez com o Holoceno.
A proposta, fruto de um trabalho que começou em 2009 com um grupo internacional de pesquisadores, considera aspectos como aquecimento global, emissão de gás carbônico, produção de plástico, concreto e alumínio como fatores para indicar uma transição de período geológico. Caso aprovada, essa mudança provocaria correções em livros didáticos, artigos científicos e acervos de museus.
Na última terça-feira (5), o jornal americano The New York Times revelou que o comitê responsável por aprovar ou não a proposta, que faz parte da União Internacional de Ciências Geológicas, votou contra a iniciativa. Para os geocientistas, uma mudança como essa exige critérios muito específicos e precisos.
A ideia inicial era usar o Lago Crawford, no Canadá, como ponto de partida para o Antropoceno, na década de 1950. As análises feitas na lama do lago indicariam diferentes impactos feitos pelo ser humano ao longo do século XX na região. Para o grupo da União, as transformações provocadas pela humanidade na Terra seriam muito mais abrangentes que isso, e provavelmente teriam sido percebidas em diferentes períodos ao redor do globo.