Na próxima sexta-feira (22) inicia oficialmente o verão e com ele vem o aumento da frequência das tempestades no final da tarde, também conhecidas como “chuva de verão”. O meteorologista coordenador do 8º distrito do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Marcelo Schneider, destaca que o período favorece o surgimento.
— A chuva de verão se forma, essencialmente, com o calor. O ar quente é sinônimo de ar mais leve, mais instável. Com isso a nuvem sobe na atmosfera e se tiver umidade, que vem no verão, tem combustível para a chuva se formar mais rápido.
Com o ar quente, as nuvens, que carregam a umidade, sobem e chegam a altitudes que favorecem a condensação. Com isso, há a transformação dessa umidade em chuva, como analisa Schneider.
— A nuvem alcança altitudes que podem chegar a 14 quilômetros. Nessa região, dentro dela tem correntes de turbulência, correntes de ventos que sobem e descem. Por isso, em uma corrente descendente muito forte, a chuva de verão pode até mesmo trazer granizo, que se forma dentro da nuvem.
Além disso, o meteorologista explica que a corrente descendente também é responsável pelas fortes rajadas de vento. Quando a nuvem está nessa corrente é que ocorre o fenômeno conhecido como microburst ou microexplosão.
Schneider complementa que é justamente devido ao calor que a chuva de verão ocorre entre o meio e o final da tarde. Segundo o meteorologista, esse costuma ser o período mais quente do dia, o que favorece a subida do ar e consequentemente o encontro da nuvem com a área de turbulência.
Características da chuva de verão
Devido às condições que criam a chuva de verão, ela possui características específicas como o tempo de duração.
— O ciclo de vida da tempestade dura em torno de uma hora. Ela começa com a formação da nuvem propriamente dita, visualmente podem até ser vistos raios, e em seguida vem a chuva.
O fenômeno também é caracterizado por ser uma chuva localizada, conforme Schneider, que normalmente são mais fortes e com rajadas de vento.
— Ela é uma chuva muito rápida, repentina, que é bem sinônimo de alagamento, principalmente em área urbana que não tem uma drenagem, canalização suficiente.
Schneider alerta que é preciso ficar atento aos dias que são mais abafados, devido à alta umidade e ao calor, pois eles são propícios para a formação de uma nuvem de chuva de verão.
Presença do El Niño
Após meses com chuva persistente, devido ao El Niño, os moradores do RS vão enfrentar um período de chuvas de verão. De acordo com Schneider elas devem ser mais constantes:
— Esse ano pode ser pior que os anos anteriores devido ao El Niño porque tem uma maior constância de abafamento, ou seja, predomínio do ar quente e permanência da umidade. Não serão chuvas todos os dias, mas tem o abafamento presente. Basta ter uma aproximação de frente fria ou convergência, os ventos se encontrando, que as chuvas localizadas ocorrem.