A seca histórica que atinge a região amazônica desde setembro reduziu o nível dos rios, prejudicou o transporte pluvial e transformou a paisagem de Manaus. Por conta do recorde de queimadas, a população passou a conviver com nuvens de fumaça. Em razão da seca extrema – acentuada pelo desmatamento e pelo fenômeno El Niño –, o governo do Amazonas decretou situação de emergência em 55 dos 62 municípios do Estado.
Os efeitos da maior seca em 121 anos foram sentidos principalmente pelas populações ribeirinhas. Em alguns casos, moradores atravessaram o Rio Negro até Manaus para comprar água potável. Até 21 de outubro, foram registrados 17.691 focos de fogo no Amazonas, uma média de 1,7 mil focos por mês.
Conforme a Defesa Civil do Amazonas, a estiagem já afetou 633 mil pessoas. Em meio a esse cenário, a cota do Rio Negro atingiu 12,89 metros, o menor valor registrado desde 1902, quando começaram as medições do volume do rio. Dois anos antes, em 2021, o Rio Negro registrou sua maior cheia, quando chegou a 30,02 metros na região de Manaus.
O governo federal disponibilizou cerca de R$ 100 milhões para ações emergenciais de dragagem de trechos do rio em pontos críticos, próximos à cidade de Itacoatiara e Manaus, região que tem cerca de 2,3 milhões habitantes. O cenário de estiagem pode se agravar em novembro. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a chuva será abaixo da média em áreas das regiões Norte e Nordeste ao longo do mês.
A atuação do fenômeno El Niño, que aquece as águas do Oceano Pacífico, acentuará as condições de secas maiores do que o normal, com destaque para o bioma amazônico, principalmente no centro-leste da região, onde a influência do fenômeno é maior.