Cientistas brasileiros captaram imagens raras do funcionamento de para-raios de prédios em São José dos Campos (SP). O material foi obtido por uma câmera que registra 40 mil imagens por segundo e compilado em um vídeo (veja acima) em velocidade reduzida. O equipamento observou 31 descargas, a cerca de 150 metros. As imagens foram captadas em 30 de março de 2021, quando um raio se aproximava do solo com a velocidade de 370 quilômetros por segundo durante uma tempestade.
Segundo o físico Marcelo Saba, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o objetivo do trabalho é entender o funcionamento dos para-raios, o alcance e como o equipamento responde à descarga. Ele explica o que ocorreu:
— No vídeo, há o encontro de um raio que desce com as descargas que saem de vários para-raios. O raio tem uma descarga muito intensa, e de várias estruturas do solo partem diferentes descargas, tentando conectar com aquela que está descendo. E se não partir do para-raio ou de estruturas que compõem o sistema, o dano pode ser grande. Nesse vídeo, a ponta de uma chaminé acabou emitindo também uma descarga que conectou naquela que estava descendo, o que causou danos à chaminé (veja foto abaixo) — disse em entrevista à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Saba afirma que o fenômeno pode ocorrer com pessoas. O físico utiliza o exemplo de um grupo que está em um campo de futebol:
— O mesmo raio pode não cair em uma pessoa, mas dela pode sair descargas que tentam se conectar naquela que está descendo. Mesmo que o raio não caia em você, podem partir descargas da sua cabeça, do seu ombro, que tentam capturar o raio que está descendo em outro lugar.
Segundo o pesquisador, os para-raios não atraem e nem repelem os raios, e nem “descarregam” as nuvens. Eles "oferecem um caminho mais fácil" e mais seguro para o raio, evitando que ele atinja as estruturas. Por isso, quando instalado de forma incorreta, o para-raio não consegue cumprir seu papel e as estruturas ao seu redor continuam expostas ao perigo de serem atingidas por raios.
O estudo e as fotos foram publicados na Geophysical Research Letters em dezembro de 2022. Leia o material neste link.