Os países da União Europeia (UE) chegaram nesta segunda-feira (27) a um acordo que valida o fim dos automóveis com motor de combustão interna a partir de 2035, um dos pilares das ambições do bloco em questões ambientais.
O texto obrigará os carros novos a deixarem de emitir CO2 - eliminando na prática os motores que funcionam com combustíveis fósseis - e será incluído na pauta da reunião de ministros da Energia na terça-feira (28) para sua adoção formal.
O anúncio do acordo foi feito pela delegação da Suécia, país que ocupa a presidência semestral do Conselho da UE. A delegação não forneceu detalhes de uma reunião dos representantes permanentes dos países do bloco em Bruxelas e mal mencionou que houve "amplo apoio" ao documento resultante do acordo.
Este regulamento para acabar com as emissões de CO2 na frota de automóveis é um dos pilares do ambicioso plano da UE para alcançar a neutralidade do carbono até 2050. O texto havia sido inclusive aprovado pelo Parlamento Europeu em fevereiro e determinava 100% de motores elétricos para carros novos vendidos a partir de 2035 no bloco.
As gigantes do setor automobilístico europeu já adiantaram seus planos de conversão fabril. Praticamente todas as empresas, inclusive as de luxo, oferecem modelos elétricos.
No entanto, a Alemanha surpreendeu a todos ao mudar de posição e passou a exigir uma proposta da Comissão Europeia (o braço Executivo da UE) para abrir caminho para veículos movidos a combustíveis sintéticos.
Opção questionada
Os combustíveis sintéticos são questionados por ONGs ambientalistas que os consideram caros, grandes consumidores de energia elétrica para sua produção e poluidores, por não eliminarem as emissões de óxido de nitrogênio (NOx).
Esses combustíveis ainda estão sendo desenvolvidos, embora a ideia tenha sido timidamente apoiada por algumas construtoras para manter a comercialização de carros com motor de combustão interna além de 2035.
Ao mesmo tempo, muitos especialistas duvidam que essa solução possa prevalecer no mercado frente aos carros elétricos, cujo preço deve cair, de acordo com as previsões para os próximos anos.
De qualquer forma, a mudança abrupta de posição do governo alemão pegou o resto dos países da UE de surpresa e gerou desconforto. O assunto chegou a ser um tema obrigatório nas discussões durante uma cúpula europeia realizada na semana passada. No sábado, a Comissão e a Alemanha anunciaram uma forma de chegar a um acordo sobre a redação do texto.
Esse entendimento deixaria inalterado o documento já aprovado, mas a Comissão se comprometeria a abrir um caminho mais explícito para os combustíveis sintéticos em uma proposta separada, que deveria ser validada por volta de setembro de 2024.
No entanto, o chefe do governo alemão, Olaf Scholz, se encontrou nessa posição difícil para manter a unidade da coalizão de seu governo. Em uma mensagem no Twitter, o ministro dos Transportes alemão observou que "os veículos com motor de combustão poderão ser registrados novamente após 2035 se usarem combustíveis neutros em CO2".
* AFP