A tempestade subtropical Yakecan, que se formou no oceano Atlântico e passou pela costa do Uruguai e do Rio Grande do Sul, agora avança sobre Santa Catarina, nesta quarta-feira (18). Seus efeitos, que envolveram chuva intensa em alguns pontos, ressaca no mar, ventos de até 100km/h e neve na Serra gaúcha, começaram a ser sentidos ainda na segunda-feira (16), durante a formação do evento meteorológico.
Conforme a Marinha do Brasil, a tempestade se formou 900 km a sudeste da costa do Rio Grande do Sul. Sem equipamentos em funcionamento na costa do Extremo Sul do Brasil, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) só começou a acompanhar a velocidade do vento da tempestade quando ela já havia andado cerca de 200km pela costa gaúcha, ao se aproximar de Rio Grande. Antes, porém, Yakecan havia passado com alta energia pela costa uruguaia, onde causou uma morte, e pelas praias gaúchas de Barra do Chuí, no Chuí, e Hermenegildo, em Santa Vitória do Palmar.
GZH recupera os principais pontos da passagem da tempestade subtropical Yakecan, que foi considerada por meteorologistas uruguaios e norte-americanos como um ciclone "com características pouco habituais para a região".
Tarde de segunda-feira (16)
Uruguai
Os ventos da formação da Yakecan começaram a atingir o litoral uruguaio, trazendo ressaca e fazendo o mar avançar sobre a costa. Segundo o jornal El País, um homem de 23 anos morreu depois que uma árvore caiu em sua casa em Paso de la Arena, na segunda-feira (16). Uma mulher e três crianças tiveram que evacuar a casa da família depois que o telhado desabou no Parque del Plata, em Canelones. Mais de 23 mil clientes ficaram sem energia elétrica no país.
São José do Norte e Rio Grande
Funcionários de estaleiro, que moram em Rio Grande, foram liberados antes do horário para atravessarem o canal da Lagoa dos Patos, pois já havia fortes rajadas de vento na região. A travessia acabou suspensa na terça-feira (17), deixando dezenas de pessoas sem conseguir retornar para suas casas na cidade vizinha.
Noite de segunda-feira (16)
Porto Alegre
O pescador Ademar Silveira da Silva, 51 anos, desapareceu nas águas do Guaíba depois de a embarcação em que ele estava virar por conta dos fortes ventos. Neste período, a Yakecan estava em formação no Atlântico. Ao G1, a meteorologista da Climatempo Carine Gama destacou que os ventos sobre o Guaíba estavam associados à formação da tempestade, embora ela ainda não estivesse sobre o Estado. Apesar da instabilidade climática, a Defesa Civil estadual afirmou que a morte não pode ser vinculada à tempestade Yakecan. O entendimento do órgão é de que, apesar das condições de navegação não estarem favoráveis, o fenômeno natural ainda não havia chegado ao Rio Grande do Sul.
Madrugada de terça-feira (17)
Uruguai
A tempestade subtropical Yakecan, como foi denominada pela Marinha do Brasil, ingressou pela costa Leste do Uruguai, depois de se formar no interior do oceano Atlântico. Segundo o Instituto Uruguaio de Meteorologia (Inumet), foi um ciclone "com características pouco habituais para a região". O alerta já havia sido dado final de semana pelas autoridades uruguaias. O Inumet chegou a dizer que, a partir de uma análise feita pelos técnicos uruguaios conjuntamente com especialistas da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), dos Estados Unidos, dependendo de como estivesse a temperatura da água no oceano em território brasileiro, o ciclone poderia atingir algumas características tropicais, se intensificando na costa.
Manhã de terça-feira (17)
Uruguai
As rajadas de vento ficaram próximas dos 100km/h na costa uruguaia, segundo o Inumet. Em Punta del Este, a praia mais atingida, rajadas de 98km/h foram medidas pelo instituto uruguaio até as 12h. A situação fez o mar avançar sobre a orla e edifícios mais próximos, trazendo também grande quantidade de espuma. O maior impacto foi na rede elétrica da região.
Tarde de terça-feira (17)
Extremo Sul gaúcho
A Yakecan ingressou em águas brasileiras por volta das 15h, como já haviam previsto meteorologistas, a Marinha do Brasil e o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Por não ter estações de medição de vento no extremo sul brasileiro, a primeira medição do Inmet só foi realizada em Rio Grande, quando o ciclone já havia percorrido mais de 200km de costa brasileira.
Rio Grande e Pelotas
Conforme o Inmet, os ventos da Yakecan chegaram a 87km/h em Pelotas. Já em Rio Grande, o instituto registrou 67,68km/h. Porém, estação no Porto de Rio Grande registrou velocidade máxima de 97 km/h. As ondas chegaram a 4m na costa. Na Barra, o mar avançou em direção ao continente e alcançou a BR-392. A água também cobriu parte dos Molhes. Um pescador ficou ilhado nas pedras, mas conseguiu escapar sem ferimentos. Segundo a Defesa Civil, três casas foram destelhadas e seis árvores foram derrubadas no Cassino, onde a água do mar avançou mais de 200m, alcançando as ruas mais próximas da costa.
Porto Alegre e Região Metropolitana
Os ventos da Yakecan cruzaram a costa e chegaram à região Metropolitana de Porto Alegre. Na Capital, os ventos ultrapassaram os 60km/h, segundo o Inmet. A ventania ainda causou sensação térmica de 4,6°C, quedas de árvores, falta de energia elétrica e semáforos desligados. Pelo menos 25 mil pontos ficaram sem energia em Porto Alegre. Como prevenção, seguindo orientações dos órgãos responsáveis pelo acompanhamento da tempestade, instituições públicas e até os shoppings e supermercados liberaram trabalhadores a partir das 15h. Eventos culturais foram cancelados.
Serra gaúcha
Em meio à ventania úmida trazida do oceano pela Yakecan, que se uniu aos ventos frios presentes nos Campos de Cima da Serra desde o final de semana por conta de uma frente fria que havia passado pelo Estado, a região acabou contemplada por precipitações invernais. Em Soledade, houve registro de chuva congelada. Por lá, os ventos chegaram a 72,36km/h. Já em São José dos Ausentes, ocorreu o primeiro registro de neve no ano, no início da tarde de terça-feira (17). A velocidade do vento na cidade foi a maior do dia no Estado, conforme o Inmet, chegando a 95,76km/h. Em Ausentes, a sensação térmica chegou a -10C°.
Final da tarde e noite de terça-feira (17)
Litoral Médio
Os fortes ventos e temporais trazidos pela Yakecan chegaram ao Litoral Médio, por volta das 16h30min, causando, principalmente, falta de energia elétrica em Tavares e Mostardas - são cerca de 19 mil moradores nos dois municípios. O pico da ventania ocorreu entre 18h e 21h, chegando a 70km/h. A tempestade ainda trouxe alagamentos em ruas e quedas de árvores sobre a fiação elétrica. Em Cidreira, o Corpo de Bombeiros e a Brigada Militar receberam chamados de moradores relatando alimentadores e fios incendiando na região.
Costa Doce
Em Barra do Ribeiro, a Polícia Rodoviária trabalhou durante a noite para retirar árvores que caíram sobre a BR-116. O trânsito não chegou a ser bloqueado na região.
Campanha, Sul, Litoral Médio, Planalto, Serra, Vale do Sinos e Vale do Rio Pardo
Pelo menos, 231 mil clientes ficaram sem energia elétrica durante a tarde e a noite de terça-feira no Estado. Na área da CEEE Equatorial, foram 187 mil clientes com interrupção no fornecimento de luz. Outras 44 mil unidades ficaram sem luz na área de cobertura da RGE. Segundo as concessionárias, os principais danos ocorreram em razão de galhos e objetos arremessados sobre fios e outros equipamentos.
Litoral Norte
Além da fortes chuvas, os ventos atingiram as cidades litorâneas. Postes caíram em Balneário Pinhal. Em Osório, árvores e outdoors foram derrubados e houve alagamentos de ruas. Em Tramandaí, o vendaval destelhou parte do hospital da cidade. Em Imbé, a falta de energia deixou a cidade às escuras. Em Capão da Canoa, o CRAS Arco-Íris sofreu destelhamento e parte do forro caiu.
Manhã de quarta-feira (18)
Litoral Médio e Litoral Norte
Em Tavares e Mostardas, a população seguia sem luz na tarde desta quarta-feira. No Litoral Norte, os municípios ainda contabilizam estragos. A tempestade subtropical Yakecan avançou em direção a Santa Catarina. Porém, deixa ainda chuva em partes do Rio Grande do Sul e ressaca no litoral gaúcho.