É inacreditável, mas tem gente reclamando de que os alertas sobre a tempestade Yekacan, que avançou sobre parte do Rio Grande do Sul entre terça (17) e quarta-feira (18), foram "exagerados" e "desproporcionais". Está faltando parar e refletir.
De fato, as piores projeções, traçadas por meteorologistas de diferentes e reconhecidas instituições, não se confirmaram, e os danos foram menores do que indicavam os prognósticos - que bom! Autoridades locais, estaduais e nacionais souberam ouvir os alertas e fizeram a sua parte, com base nas previsões. O esforço de planejamento, organização e antecipação deve ser saudado e não criticado.
Ou teria sido melhor deixar nas ruas, sob ameaça, as 568 pessoas em situação de vulnerabilidade que, graças ao trabalho da prefeitura e de voluntários, passaram a noite de tormenta acolhidas em Porto Alegre?
A suspensão de aulas, de serviços e do comércio causou prejuízos, é verdade, mas teria sido melhor manter as atividades, mesmo correndo riscos? Se nada tivesse sido feito e a ventania tivesse causado mortes, hoje estaríamos, mais uma vez, lamentando a "incapacidade dos órgãos públicos de atuar de forma preventiva".
Mas não foi isso o que aconteceu. O que vimos foi uma atuação forte da Defesa Civil no Estado e nos municípios. Até integrantes do Ministério do Desenvolvimento Regional deram coletiva de imprensa, na noite da última segunda-feira (16), para orientar a população sobre os cuidados que deveriam ser tomados. Órgãos estaduais amplificaram as recomendações, que, com o apoio da imprensa, chegaram onde deveriam chegar.
Em outra frente, companhias de energia elétrica se anteciparam e reforçaram equipes. Há falta de luz e transtornos? Sim, esse talvez tenha sido o principal impacto do fenômeno climático, mas ao menos dessa vez temos funcionários da CEEE Equatorial - tão criticada no último temporal - trabalhando com maior agilidade desde que os primeiros cortes de energia foram detectados.
Ouvimos, enfim, o "som do céu", o Yekacan, em tupi-guarani. Os alertas meteorológicos foram levados a sério e atendidos. Sem ocorrências graves, a vida volta ao curso normal no Rio Grande do Sul, com um novo e importante aprendizado: o valor da prevenção.