Uma fina lâmina de água pôde ser observada no final da tarde deste domingo (5) em partes da Lagoa do Peixe, entre Mostardas e Tavares, no Litoral Médio gaúcho. A chuva acumulada na sexta-feira (4) e no sábado (5) mudou o cenário no setor Costa, o mais próximo da entrada do Parque Nacional da Lagoa do Peixe e um dos mais atingidos, que estava seco até quinta-feira (3), expondo toneladas de peixes, siris e camarões mortos. Também foi observada volta da água no canal que passa sob o primeiro pontilhão da Estrada do Talhamar, que corta o parque da rodovia até o Oceano Atlântico.
Ainda assim, era possível ver a distância canoas amarradas sobre o leito seco no próprio setor Costa e em outros trechos. Pelo menos 50% da Lagoa do Peixe, que tem 35 quilômetros de extensão, torrou desde o início de janeiro deste ano.
O vento Sul, que impede a saída do que resta de água na lagoa, principalmente mais ao sul, passou a soprar na região — era uma das esperanças da equipe do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) para conservar o que ainda resta de água.
Mesmo assim, a chuva que caiu entre 4 e 5 de fevereiro não foi suficiente para preencher todo o leito da lagoa. E a previsão é de que o tempo volte a abrir a partir de terça-feira (8). Neste domingo (6), não choveu na Lagoa do Peixe.
Nesta segunda-feira (7), a previsão é de tempo instável em Mostardas e Tavares, com chuvas isoladas. A temperatura mínima deverá ser de 21°C e a máxima, de 30°C. Com os ventos intensos no oceano, ainda haverá agitação marítima e há alerta para ressaca entre Chuí e Mostardas, com ondas de 2,5 metros.
Para a situação começar a voltar ao normal, acreditam os técnicos do ICMBio, será preciso chover 200 milímetros em um curto espaço de tempo e ventar do Sul por quatro dias para ajudar a subir o mar. Só assim ele conseguirá transpor a barra de areia que o separa da lagoa.
A Lagoa do Peixe, que, na verdade, é uma laguna por ter ligação com o Oceano Atlântico, tem um canal com o mar cuja parede de areia só abre naturalmente se há um excedente de chuva ou algum tipo de maré de tempestade, com as ondas batendo, lavando a praia, tirando sedimentos e fazendo subir a maré em conjunto com a pressão de dentro do corpo d'água, que a empurra para fora porque a lagoa está muito cheia.
Do contrário, a derrubada da parede de areia que permite a entrada de água salgada e a saída de doce é feita com máquinas das prefeituras de Tavares e Mostardas, uma vez por ano, no inverno.
A unidade de conservação ambiental foi criada em 1986 e é considerada por pesquisadores de diferentes áreas e de todo o mundo como uma "joia rara da avifauna planetária", pois serve como ponto fundamental de passagem de aves migratórias vindas da América do Norte e da Europa.