A Defesa Civil e a Fundação Municipal do Meio Ambiente de Florianópolis (Floram) ainda não definiram as possíveis medidas de intervenção a serem tomadas na região da Praia dos Ingleses, em Florianópolis (SC), onde dunas avançaram sobre a área de moradia, causando a interdição de três imóveis, no início deste mês.
De acordo com a Floram, as casas vêm sendo atingidas pelas dunas de maneira gradativa ao longo dos anos, mas a situação se intensificou nas últimas semanas. A Defesa Civil do município tem feito vistorias no local. Duas casas foram condenadas e um restaurante, que estava inativo, foi interditado. Eles ficam no sul da praia.
Ainda conforme a Floram, as casas e o estabelecimento afetado foram erguidos em Área de Preservação Permanente e, por isso, estavam irregulares com a legislação ambiental.
Por meio da assessoria de imprensa, a prefeitura de Florianópolis informou que segue prestando auxílio aos moradores das duas residências atingidas pela areia. A Secretaria Municipal de Assistência Social contatou os proprietários e ofereceu vaga em hotel. As famílias não aceitaram a oferta.
Outros dois pontos da capital catarinense onde há dunas, na Lagoa da Conceição e na Praia da Joaquina, são monitorados pela Defesa Civil de Florianópolis, sem risco iminente de atingir moradias. Nos trechos, quando a areia levada pelo vento chega às vias públicas, como na Avenida das Rendeiras, é retirada e devolvida às dunas.
Geólogo faz alerta
Para o geólogo e professor na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) João Carlos Rocha Gré, o avanço das dunas na região de Ingleses era previsível.
— Pelo menos, de duas a três vezes por semana, o vento sul, que sopra com mais força, é responsável por transportar os grãos de areia do sentido Sul, da Praia do Moçambique, para o Norte, na Praia dos Ingleses. As casas que estiverem neste caminho sempre enfrentarão o problema — explica.
Ele alerta que a urbanização se deu na área do avanço do campo de dunas da região que fica entre as praias do Moçambique e dos Ingleses e não há como conter a movimentação da areia. Gré destaca que em Ingleses os moradores estão ocupando justamente o setor à frente do avanço da duna e a tendência natural será o soterramento do que estiver construído no caminho da areia.
— O que ocorre naquela região está relacionado ao clima e também à condição oceanográfica. Nos últimos 6 mil anos, o nível do mar está em processo lento de rebaixamento. Com isso, o mar expõe próximo à praia um fundo arenoso. O calor do sol seca esta areia e o vento se encarrega de promover a movimentação dela, retirando-a da praia e transportando em direção ao norte. Não é um processo novo. O que tem de novo é a instalação das edificações num local que é o corredor do vento — sintetiza o geólogo.