Apesar de trazer apenas resquícios e ficar a 1,5 quilômetro do solo, a fumaça proveniente dos incêndios florestais na Austrália, prevista para chegar ao Rio Grande do Sul na madrugada desta terça-feira (7), pode intensificar os problemas respiratórios de quem já apresenta doenças como rinite, bronquite, enfisema e asma.
Chefe do Serviço de Pneumologia da Santa Casa de Porto Alegre, o pneumologista Adalberto Sperb Rubin lembra de outra situação parecida, ocorrida em abril de 2015, quando as cinzas expelidas por erupções do vulcão Calbuco, no Chile, chegaram a Porto Alegre. Na época, a nuvem vulcânica em grande altitude, que foi mais densa no Sul e na Fronteira Oeste do Estado, intensificou o número de atendimentos na Santa Casa por problemas respiratórios.
— Mesmo que seja em pequenas proporções, as partículas são estranhas ao aparelho respiratório, podendo gerar irritação em quem já apresenta alguma doença prévia. As vias respiratórias se fecham e surgem sintomas como tosse, catarro, falta de ar e chiado no peito. Aos saudáveis, a fumaça não deve causar problemas — explica o pneumologista.
Como prevenção, Rubin recomenda manter os ambientes sempre arejados e seguir as recomendações médicas.
Em 2011, as cinzas de outro vulcão chileno em erupção, o Puyehue, também chegaram ao Estado. Na época, em Porto Alegre, a fuligem chegou a acumular-se sobre os carros, e voos foram cancelados no Aeroporto Internacional Salgado Filho.
Nesta segunda-feira (6), imagens de satélite já mostram a fumaça australiana avançando sobre o Chile e a Argentina, em direção ao Brasil. Segundo meteorologistas consultados por GaúchaZH, os resquícios da fumaça proveniente dos incêndios florestais na Austrália chegarão junto com uma frente fria que atravessará o Estado. E é justamente a chegada da chuva, com ventos soprando do Sudoeste, que reforçam a vinda da fumaça até o Sul do Brasil.
De acordo com a Somar Meteorologia, três fatores influenciam e facilitam para a fumaça cruzar o oceano Pacífico na direção do sul do continente americano: os ventos sopram de Oeste para Leste – da Oceania para a América do Sul –, as queimadas na Austrália são de proporções extremas e o Estado está na mesma latitude da Austrália.
Atualização: Até a segunda-feira, a previsão era de que a fumaça ficaria em altitude baixa no Estado – 1,5 km de altura –, o que poderia provocar danos à saúde. No entanto, o cenário mudou e a fumaça deve ficar a cerca de 10 km de altura, o que não deve causar problemas respiratórios.