O físico Ricardo Galvão, ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) exonerado em agosto, após críticas do governo Jair Bolsonaro a dados "sensacionalistas" do desmatamento na Amazônia, foi escolhido pela revista Nature como uma das 10 pessoas mais importantes para a ciência neste ano. A publicação é uma das mais prestigiosas do mundo. A notícia foi divulgada nesta sexta-feira (13) pelo Estadão, entre outros veículos.
A informação de quem eram os escolhidos neste ano estava embargada até a próxima terça-feira (17), mas foi vazada antes. Em entrevista concedida ao Estadão, Galvão confirmou a homenagem e se disse "surpreso".
— Essa lista geralmente é feita com personalidades que possuem publicações com resultados científicos importantes. Eu não tenho uma publicação, mas eles consideraram importante a minha posição de defesa da ciência perante a comunidade internacional em um momento de obscurantismo — relatou.
A tensão entre o ex-diretor do Inpe e o governo Bolsonaro começou em julho. Na época, o presidente disse em um café da manhã com a imprensa que os dados divulgados pelo instituto sobre o desmatamento na Amazônia não correspondiam à verdade e que Galvão estava "a serviço de alguma ONG (organização não governamental)".
Pouco mais de uma semana depois que rebateu as acusações, dizendo que Bolsonaro não deveria falar como se estivesse em uma "conversa de botequim", o físico foi exonerado de seu cargo. Na época, Galvão reclamou que desde janeiro não conseguia um bom diálogo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) sobre o desmatamento.
Em novembro, o sistema de monitoramento Prodes apontou que o desmatamento na Amazônia cresceu 29,5% em um ano, entre agosto de 2018 e julho de 2019.