Já encantadora de dia, a praia da Guarita, em Torres, no Litoral Norte, ficou ainda mais exuberante na noite de quinta-feira (24), quando as águas do mar ganharam um brilho especial. Flagrado pelas lentes do estudante Gabriel dos Santos Zaparolli, o fenômeno se trata da presença de determinados seres marinhos, que dão o efeito de fluorescência nas ondas.
Embora não se possa comprovar que se trate de alguma espécie específica (o que só seria possível com uma amostra do local), especula-se que possa se tratar de um protozoário chamado Noctiluca, bastante comum no mundo inteiro.
— Eles são esporádicos: podem aparecer em um dia e no outro não — diz Ali Ger, professor do Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ceclimar/UFRGS).
O brilho se deve a uma organela, que fica dentro da célula desses seres e que provoca bioluminescência, explica Ger. O professor da Universidade Federal de Rio Grande (Furg) Carlos Rafael Mendes, que estuda fitoplâncton, diz que essa bioluminescência é comum em diversos animais marinhos e é utilizada para diversas funções: para buscar alimento, para acasalar, para se proteger de predadores etc.
O Noctiluca pode aparecer quando o mar está calmo e abundante em microalgas, que são o alimento desses protozoários, diz Mendes. Esses seres não são tóxicos, nem têm relação com poluição, afirma o docente da Furg.
— As pessoas nadam com esses organismos em alguns lugares do mundo. Não há nada que indique que eles tenham relação com algo prejudicial — fala Mendes.
“Caçando” o fenômeno há cinco anos na região, o morador de Torres se disse surpreso quando percebeu que estava diante do que tanto procurava. Demorou um pouco até que ele se desse conta de que a saída para fotografar uma tempestade no horizonte tinha se transformado completamente:
— Pelas 19h, cheguei em um ponto onde a observação era ótima, no Morro das Furnas. Aí, comecei a ver as ondas meio azuladas e depois com luz. Pensei: “ué, o que é aquilo?”. Achei que fosse coisa da minha cabeça. Passados uns 30 minutos, vi com mais intensidade. Na hora, não caiu a ficha, mas depois percebi que estava capturando aquilo que eu queria tanto. Pensava até em ir para outros países fotografá-lo.
* Colaborou Aline Custódio.