A incidência de raios registrada nesta terça-feira (17) em Porto Alegre causou transtornos no Aeroporto Internacional Salgado Filho. Em pelo menos três oportunidades, as operações foram suspensas por questões de segurança, conforme a Fraport, empresa que administra o local. A medida se justifica: a quantidade de raios que atingiu o solo da Capital é considerada alta.
Conforme levantamento do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), 310 raios tocaram o solo de Porto Alegre na terça-feira, dia no qual a incidência atingiu um pico entre 16h e 20h, com 205 raios no solo. Na avaliação do ELAT, esse número é considerado alto. “Em 24 horas, é considerada de baixa a média a incidência de até 100 raios para o solo em um único município”, esclareceu o grupo, por e-mail. Ainda segundo o Elat, a maior incidência de descargas ocorre no verão, quando as altas temperaturas e a umidade do ar favorecem a formação de tempestades e raios, no entanto, com a proximidade da primavera, esse fenômeno começa a se intensificar.
GaúchaZH também consultou Marco Antonio Rodrigues Jusevicius, coordenador de Operação do Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar). Utilizando dados da Rede Integrada Nacional de Detecção de Descargas Atmosféricas (Rindat), o especialista contabilizou 145 raios em solo na Capital, da 0h do dia 17 até a 0h do dia 18. Essa atividade, afirma Jusevicius, é considerada de destaque.
— Esse número é cerca de 16% do que ocorreu em todo o ano, desde 1º de janeiro até ontem (terça-feira). A atividade elétrica na presença de frentes frias não é incomum no Rio Grande do Sul, mas a concentração em um período do dia fez esse evento ter destaque — explica.
A causa desse fenômeno, diz Jusevicius, foi a presença de nuvens eletricamente carregadas, formadas por uma frente fria que estava atuando na Região Metropolitana. De acordo com a Somar Meteorologia, o fato está de acordo com a época do ano.
— O que podemos falar é que está na época certa, pois os sistemas meteorológicos que trazem tempestades mais intensas ao Rio Grande do Sul vão de setembro a novembro — pontua Patricia Vieira, gerente de operações da Somar.
O Elat corrobora a decisão da Fraport e reforça que “A incidência de raios oferece risco para os funcionários do aeroporto que trabalham circulando na pista, próximos aos aviões e outros meios de transporte”. Para se proteger das descargas, a recomendação é evitar ir para rua em fortes tempestades. Se for imprescindível, deve-se buscar abrigo em casas ou prédios, locais subterrâneos, como metrôs e túneis, ficar em veículos não conversíveis. Também é indicado não permanecer em topos de morros ou prédio e próximo a árvores isoladas.