Um dia após se manifestarem massivamente nas ruas de todo o planeta, os jovens reunidos neste sábado (21), no primeiro dia da Cúpula do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), garantiram que não vão parar a mobilização até que os governantes adotem ações concretas para frear o aquecimento global. O encontro marcou o início do evento, que se estende até segunda-feira (23), em Nova York, nos Estados Unidos.
Mais de 500 jovens ativistas e empreendedores de vários países foram convidados pelas Nações Unidas para participar de um encontro inédito, antes da chegada dos líderes mundiais para a cúpula, na segunda, e da Assembleia Geral da ONU, na terça (24). Coube à ativista sueca Greta Thunberg fazer o discurso de abertura do evento.
- Mostramos que estamos unidos e que nós, jovens, somos "imparáveis" - disse Greta, em menção à greve pelo clima realizada em 150 países do mundo, na última sexta-feira (20).
No entanto, foi o discurso do argentino Bruno Rodríguez, de 19 anos, que melhor expressou a indignação sentida por grande parte da juventude mundial em relação às mudanças climáticas.
- A crise climática é a crise política, econômica e cultural dos nossos tempos – alertou o fundador da organização Jovens pelo Clima Argentina.
- Muitas vezes escutamos que nossa geração deverá resolver os problemas criados pelos governantes atuais, mas não esperaremos passivamente. Chegou a hora de sermos os líderes. Basta de energias fósseis - complementou Rodríguez.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, incentivou os jovens a seguirem lutando e exigindo que os líderes políticos prestem contas à população sobre seus planos envolvendo a questão climática.
- Estamos perdendo a batalha contra o aquecimento global. Ainda temos subsídios às energias fósseis e usinas de carvão. No entanto, há uma mudança de expectativa, em grande parte graças à valentia com que vocês começaram este movimento – disse Guterres dirigindo-se aos participantes do encontro.
O ponto alto da Cúpula do Clima ocorre na próxima segunda, quando serão ouvidos os discursos de chefes de Estado e líderes de 60 países. Devem comparecer a Nova York, o presidente da França, Emmanuel Macron, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel. Países como China e Índia também enviarão representantes ao evento. Brasil e Estados Unidos estão entre os países que não terão porta-vozes na cúpula.
A vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed, disse que a organização escolheu para discursar apenas os países com propostas mais ambiciosas e que tenham apresentado avanços na redução dos efeitos das mudanças climáticas. Mais de cem nações se inscreveram para falar durante a cúpula.