Pelo menos 25 animais, a maioria pinguins-de-magalhães, foram encontrados mortos na beira da praia em diferentes municípios do Litoral Norte gaúcho neste domingo (18). Apesar de o aparecimento destes animais ser comum nesta época do ano, o alto número de mortes é motivo de atenção para pesquisadores.
Os animais foram descobertos durante fiscalização da Patrulha Ambiental de Osório. Conforme o registro da ocorrência, cerca de 20 pinguins-de-magalhães foram encontrados mortos entre Cidreira e Balneário Pinhal. Na mesma faixa de areia, havia duas tartarugas-marinhas mortas.
Além disso, a fiscalização encontrou três lobos-marinhos mortos nas praias Costa do Sol (Cidreira), Balneário Pinhal e Praia de Quintão (Palmares do Sul). Os agentes ainda encontraram um lobo-marinho com características de perda de gordura na praia de Oásis, em Tramandaí, e outro que aparentava boa saúde em Mariluz, Imbé.
A fiscalização foi feita em toda a faixa de areia entre Osório e Quintão durante o fim de semana. Conforme o tenente Marcos Rocha, comandante do Pelotão Ambiental de Osório, o alto número de animais mortos chamou a atenção, apesar de isso não ser incomum para a época do ano:
— Já vínhamos encontrando vários animais nas últimas semanas, tanto vivos quanto mortos, e por isso decidimos fazer esta varredura. De certa forma, é normal isto ocorrer nesta época. Mas sempre encaminhamos os casos para os pesquisadores, para que avaliem se isto é normal ou se existe outra causa — explica.
Seleção natural e ação humana são motivos prováveis para as mortes
O aparecimento destes animais marinhos é comum no litoral gaúcho, que recebe correntes das Ilhas Malvinas, especialmente no período do inverno. Os animais vêm através da corrente marítima em busca de alimento, já que a região ao sul do Brasil é uma das mais produtivas e com grande quantidade de nutrientes.
O professor Ignacio Moreno, do Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (Ceclimar), explica que é comum que animais marinhos apareçam mortos nesta época do ano. Muitos morrem devido ao cansaço para chegar à beira da praia, e outros por serem filhotes e inaptos na busca por alimento. Além da chamada seleção natural, no entanto, a ação humana preocupa o pesquisador:
— Às vezes, os animais param por aqui para descansar, e muitas vezes não resistem. Até aí é normal. Mas nós pesquisamos para saber até que ponto o impacto humano torna essa mortandade mais frequente e aumentada. A morte dos animais marinhos está relacionada à atividade humana, como a pesca e a poluição marítima. Acredito que estejamos diante de um misto de seleção natural com ação humana — relata.
Segundo o pesquisador, os moradores e eventuais banhistas devem evitar o contato com os animais que são encontrados vivos. Muitos param para descansar na beira da praia, e ficam estressados quando pessoas se aproximam para tirar fotos ou tentar colocá-los de volta na água.
— O estresse do animal por causa de uma foto, somado à exaustão, pode levar à morte. No caso das tartarugas, também chama a atenção a incidência de plástico no estômago, que é enorme; 95% das que chegam aqui apresentam este problema — destaca.
Como não é possível levar todos os animais mortos para estudo, pesquisadores do Ceclimar farão uma espécie de varredura na beira da praia. Nos casos em que houver suspeita de interferência humana, a carcaça será levada para pesquisa. Nos casos em que for identificada morte por seleção natural, o animal será deixado na praia, já que pode servir de alimento.