Os dias finais de agosto de 2013 reservaram uma surpresa a moradores e turistas de cerca de 30 cidades do Rio Grande do Sul: nevou com uma das maiores intensidades registradas em quase 20 anos. O fenômeno, observado entre a noite de 26 e a manhã de 27, também entrou para a história dos invernos gelados do Estado devido a sua duração: em cidades como São José dos Ausentes, os flocos caíram por mais de sete horas, o que levou à suspensão das aulas. Em Bom Jesus, Canela, Gramado, São Francisco de Paula e Vacaria, as escolas também não abriram as portas por causa da neve. Telhados, ruas, automóveis e paisagens da Serra, dos Campos de Cima da Serra e do Planalto ficaram cobertos por uma espessa camada branca.
De acordo com a Somar Meteorologia, nevou entre a noite desta última quinta-feira e a madrugada de sexta-feira em nove municípios gaúchos.
Em Bom Jesus, seis anos atrás, a Brigada Militar confirmou o acúmulo de oito centímetros de neve nas ruas. Em Caxias do Sul, que ganhou uma grande população de bonecos de gelo, o fenômeno foi comparado com o de 1994, o maior das últimas décadas. Os flocos começaram a cair às 20h. À 1h, quando atingiram a maior intensidade, o cenário polar já estava completo, atraindo muita gente à Praça Dante Alighieri.
Às 3h, ainda nevava com força. Pela manhã, os jogadores do Juventude foram treinar e encontraram o gramado coberto de neve. Aproveitaram para se divertir e tirar fotos. No bairro Ana Rech, trabalhadores aproveitaram o horário do almoço e fizeram fila para tirar fotos com um boneco de neve de 1m30cm, decorado com gorro e cachecol.
— É um dia histórico. A gente vai poder mostrar essas fotos para nossos filhos, talvez até netos, porque não se sabe quando pode voltar a nevar assim — afirmou Ana Paula Renon, 26 anos, à época.
A ocorrência da intensa neve foi provocada pela combinação de alguns fatores: desde a semana anterior, uma frente fria se deslocava lentamente pelo território gaúcho. Na tarde da segunda-feira 26 de agosto, uma massa de ar polar que partiu da Argentina avançou em direção ao sul do Brasil, provocando o declínio da temperatura.
Normalmente, frente fria e massa de ar polar surgem em sequência, o que não favorece a ocorrência de neve intensa. Mas, daquela vez, a conjugação de alta umidade do ar com o frio rigoroso criou condições favoráveis à neve. Minúsculos cristais de gelo unem-se para formar um floco de neve. A maior parte dos flocos de neve derrete antes de atingir o solo. Apenas quando a temperatura próximo da superfície está muito baixa — em torno de 0°C ou negativa — é que os flocos caem como neve.