A instabilidade na geleira de Thwaites, na Antártica Ocidental, enfrentará um ponto irreversível em seu processo de derretimento, mesmo se o aquecimento global diminuir. Isso é o que sugere pesquisa financiada pela Nasa e publicada na revista Proceedings of National Academy of Sciences, dos Estados Unidos. As informações são do jornal inglês The Guardian.
A pesquisa aponta que a situação chegaria a um limite que ocasionaria uma elevação do nível do mar em 50 centímetros. Alex Robel, professor assistente do Georgia Institute of Technology, dos Estados Unidos, e líder do estudo, disse que, se a instabilidade for desencadeada, o manto de gelo poderia se perder no espaço de 150 anos, mesmo se as temperaturas parassem de subir.
Simulações sugerem que a extensa perda de gelo teria início em 600 anos, mas os pesquisadores disseram que isso poderia ocorrer mais cedo, dependendo do ritmo do aquecimento global e da natureza da instabilidade. Ao The Guardian, Hélène Seroussi, cientista de laboratório de propulsão a jato da Nasa, disse que este cenário pode se tornar realidade nos próximos 200 a 600 anos, dependendo da topografia do leito rochoso sob o gelo. Porém, esta afirmação é difícil de precisar.
Influência da geleira no nível do mar
A Antártica tem quase oito vezes mais gelo terrestre do que a Groenlândia e 50 vezes mais do que todas as geleiras de montanha combinadas. Os pesquisadores descobriram que uma estimativa precisa de quanto gelo a Thwaites lançaria nos próximos 50 a 800 anos não seria possível devido a flutuações climáticas e limitações de dados imprevisíveis.
No entanto, 500 simulações diferentes apontaram para a perda de estabilidade. Isso aumentou a incerteza sobre o aumento futuro do nível do mar, mas tornou os piores cenários mais prováveis. Uma perda completa da camada de gelo da Antártica Ocidental poderia aumentar o nível do mar global em cerca de cinco metros, fazendo com que as cidades costeiras do mundo ficassem submersas.
Gelo no mar
Outro estudo divulgado na mesma revista, na semana passada, sugere que o gelo do mar Antártico foi aumentando gradualmente durante 40 anos de medição e atingiu um máximo recorde em 2014, antes de cair acentuadamente. A causa da reviravolta abrupta não foi estabelecida.
Ao contrário do derretimento das camadas de gelo em terra, o derretimento do gelo no mar não eleva o nível do mar, mas a perda do gelo branco faz com que mais calor do sol seja absorvido pelo oceano, aumentando o ritmo de aquecimento.