Na noite de quarta-feira (6), um homem foi preso em Eldorado do Sul por transportar 800 tartarugas identificadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) como sendo da espécie tigre-d'água.
O nome vem da aparência do animal, que apresenta listras em tons de amarelo e laranja. Nativa do Rio Grande do Sul, principalmente da região de Pelotas, a tartaruga tigre-d'água é uma das espécies que mais sofre com o comércio ilegal. Por conta disso, com o passar dos anos, passou a ser observada também em outros Estados do Brasil e até mesmo em países vizinhos.
De acordo com Paulo Guilherme Carniel Wagner, médico veterinário, analista ambiental e responsável pela área silvestre do Ibama, a espécie vive, em média, de 20 a 30 anos quando está em cativeiro, e um pouco menos em vida livre, devido aos predadores naturais.
Quando nascem, estas tartarugas medem cerca de 3cm, mas, na vida adulta, podem atingir até 25cm. Em razão do tamanho que podem chegar a ter, tornando-se demasiado grandes para serem mantidas em aquários pequenos, as tartarugas tigre-d'água também sofrem com o abandono.
— As pessoas querem ter um animal, mas não pensam nas consequências. Eles crescem, dão trabalho e aí são largadas em parques ou em lagos — diz Wagner.
Onívora, quando está na natureza, a espécie costuma se alimentar de insetos, peixes, crustáceos, anfíbios e musgo. Em geral, quando presas em cativeiro, as tartarugas aceitam bem as rações industrializadas.
Reprodução uma vez por ano
Costumam ter um comportamento tranquilo, contanto que fiquem em repouso em seu viveiro. Assim como outros animais, quando manuseadas constantemente, podem apresentar comportamento agressivo, já que consideram esse tipo de ação uma espécie de ataque. A reprodução da espécie, segundo o analista ambiental, ocorre uma vez por ano. A fêmea produz, em média, de 10 a 12 ovos por postura.
Segundo Wagner, a compra e venda da espécie são proibidas no Rio Grande do Sul e também em outros Estados brasileiros. Por conta disso, o tráfico ainda é um grande problema.
— Se esses traficantes existem, é por causa da demanda, há para quem vender. As pessoas precisam ter consciência que isso é algo ilegal. Aqui no Rio Grande do Sul, mesmo que seja o local de origem da espécie, é impossível comprá-las legalmente — afirma Wagner.