O ano de 2018 foi o quarto mais quente já registrado na história, de acordo com a Nasa (Agência Espacial Americana) e o Copernicus, serviço de Mudança Climática da União Europeia. A temperatura global de 2018 foi 0,83°C mais alta do que a média entre 1951 e 1980, segundo cientistas do Instituto Goddard de Estudos Espaciais (GISS, na sigla em inglês). As temperaturas só perdem para as de 2016, 2017 e 2015.
Os últimos cinco anos foram os cinco mais quentes desde o fim do século 19 - 2016 foi o mais quente, impulsionado por um evento do El Niño que aqueceu a superfície do Oceano Pacífico. De acordo com Gavin Schmidt, diretor do GISS, o aquecimento global se deve, ao menos parcialmente, às emissões de gás carbônico e outros gases do efeito estufa na atmosfera.
O relatório Copernicus aponta que as concentrações de dióxido de carbono na atmosfera subiram para um novo recorde de 406,7 partes por milhão (ppm) em 2018, de 404,1 em 2017, alimentadas em grande parte pela queima humana de combustíveis fósseis.
Já a temperatura média global nos últimos cinco anos foi 1,1°C acima dos tempos pré-industriais. Jean-Noël Thépaut, chefe da Copernicus, aponta que o verão quente e seco na Europa e o aumento da temperatura nas regiões árticas são sinais alarmantes para a população mundial.
Em 2018, a Califórnia e a Grécia sofreram graves incêndios florestais. Kerala, na Índia, teve as piores inundações desde a década de 1920, e as ondas de calor atingiram a Austrália e o norte da África. Em torno da Antártida, a extensão do gelo marinho está em uma baixa recorde no início de 2019, de acordo com o Centro Nacional de Dados de Neve e Gelo dos EUA.
Para a cientista-chefe do Copernicus, Freja Vamborg, 2019 provavelmente será quente, com chances de acontecer o fenômeno El Niño. De acordo com um relatório climático da ONU no ano passado, as temperaturas subirão 1,5°C acima dos tempos pré-industriais em meados do século com as tendências atuais - trazendo a perspectiva de um clima ainda mais extremo.
Governos precisam buscar soluções
Segundo a ONU, os governos teriam de fazer cortes sem precedentes nos gases de efeito estufa para evitar esse aumento, um dos objetivos mais difíceis estabelecidos no Acordo de Paris de 2015. Quase 200 países concordaram com um "livro de regras" para governar o acordo de Paris em conversações na Polônia em janeiro, apesar de críticos dizerem que ele é insuficiente para evitar uma mudança climática perigosa.
O Acordo de Paris visa acabar com a era do combustível fóssil neste século, mudando para energias mais limpas, como a energia eólica e solar. O presidente dos EUA, Donald Trump, planeja se retirar e, em vez disso, fomentar a indústria de combustíveis fósseis dos EUA.
O relatório Copernicus confirmou as projeções da Organização Meteorológica Mundial (OMM) da ONU em novembro que 2018 seria o quarto mais quente. A OMM emitirá sua própria estimativa para as temperaturas de 2018 nas próximas semanas, incluindo também dados compilados por agências americanas, britânicas e japonesas.