A prefeitura de Canela retirou da Câmara de Vereadores o projeto de lei que autorizava a concessão do Parque do Palácio, área verde na entrada da cidade onde fica a residência de verão do governador, à iniciativa privada. A decisão ocorreu após a polêmica que se instalou na cidade nos últimos meses em torno do assunto e foi comunicada nessa sexta-feira (10) em carta aberta divulgada pelo prefeito Constantino Orsolin.
No documento, o chefe do Executivo afirma que "faz parte da democracia a liberdade de manifestação", mas que os protestos "estão ultrapassando o limite do tolerável e do razoável", já que até mesmo casos de violência já foram registrados. Orsolin diz ainda que não se pode admitir que pessoas sem ligação com questões sociais e econômicas de Canela se posicionem como se fossem defensores dos interesses do município.
O projeto, que já havia passado por um adiamento, estava previsto para ser votado na próxima segunda-feira (13) e enfrentava resistência até mesmo na base do governo na Câmara. Com a retirada do tema da pauta do Legislativo, a prefeitura deu prazo de quatro meses para que os grupos contrários à concessão apresentem "uma alternativa concreta de sustentabilidade" vinculada à construção de um centro de convenções e sem custos ao município.
A proposta de instalação do espaço de eventos foi uma exigência do governo do Estado, quando cedeu a área ao município em 2010. Como a prefeitura não tem recursos para construir a estrutura, decidiu conceder o espaço para a iniciativa privada em troca da manutenção da área, que fica no entorno da residência de verão do governador.
Em fevereiro, um edital foi aberto para selecionar interessados, mas apenas a Villard Empreendimentos Imobiliários, de Balneário Camboriú (SC), se inscreveu. Para tornar o negócio rentável, no entanto, a empresa defende também a construção de um hotel e de cerca de 40 lojas. Foi essa proposta que acabou desencadeando a onda de protestos na cidade, que contou até mesmo com uma campanha publicitária.
A antropóloga Sônia Guimarães, integrante da Associação Amigos do Parque do Palácio, que lidera as mobilizações contra a concessão, afirma que a decisão do Executivo deve ser discutida em reunião na tarde deste sábado. O encontro já estava agendado por conta da votação da proposta.