Ao caminhar pela orla na manhã desta quarta-feira (29), o fotógrafo amador Osvaldo Raupp descobriu uma Toninha (ou Pontoporia blainvillei, no nome científico), morta na praia de Santa Helena, em Torres, no litoral norte gaúcho. Considerada a espécie de golfinho mais ameaçada do Atlântico Sul, o animal vive em uma área restrita: pode ser encontrado próximo à costa do Brasil (do Estado do Espírito Santo para baixo), Uruguai e Argentina (na Península Valdés).
— Eu já conhecia essa espécie porque meu filho estuda biologia marinha, e também porque já tinha encontrado outra Toninha morta há mais ou menos dois anos. É comum encontrar animais mortos aqui na praia, mas geralmente são tartarugas ou pinguins. Acho que a maré da noite deve ter trazido ele. É chocante ver um animalzinho desses morto — contou ele.
De acordo com o pesquisador do Grupo de Estudos de Mamíferos Aquáticos do Rio Grande do Sul (Gemars) e professor da Universidade Estadual do RS (UERGS), Paulo Ott, não é possível dizer a causa da morte do animal apenas analisando as fotos feitas por Raupp, mas ele afirma que se trata de um adulto. A expectativa de vida da Toninha é de 20 anos. Segundo o especialista, que estuda a espécie há 25 anos, o animal apresenta um comportamento "tímido" para um golfinho.
— Ao mesmo tempo em que é um dos golfinhos mais ameaçados, é também um dos menos conhecidos, porque é muito difícil ver eles vivos, interagindo. Eles não saltam na água, aparentemente não gostam do som das embarcações, não andam em grandes grupos. Eu mesmo só vi as Toninhas ao realizar estudos específicos sobre elas — explica ele.
Ott afirma que esse tipo de golfinho permanece sempre no mesmo local, não é migratória. Entre os menores golfinhos do mundo, a Toninha registra cerca de 1m50cm. Conforme uma estimativa realizada em ano de 2014 pela Gemars, existem cerca de 10 mil animais da espécie no RS. Um novo levantamento deve ser feito em 2018.