Às vésperas do início de dezembro, profissionais do Ceclimar, o centro de estudos costeiro e marinho vinculado à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), realizaram coletas incomuns nas últimas semanas: enfeites de Natal foram encontrados em areias de praias do litoral gaúcho. De acordo com o instituto, os objetos podem ter sido espalhados no mar em um acidente registrado perto do porto de Santos (SP), em agosto, e viajaram cerca de mil quilômetros até o RS.
Os enfeites começaram a aparecer entre o final de setembro e o início de outubro, e seguem sendo encontrados. Semanalmente, o Ceclimar realiza o monitoramento do litoral norte gaúcho. Lixo e diversos animais mortos, principalmente tartarugas (que podem confundir plástico com algas), são coletados. Para tentar conscientizar a população, o centro fez um post em sua página oficial no Facebook.
— O objetivo foi mostrar que a gente encontra lixo de todos os lugares do mundo, até do Japão. Tudo que se joga fora vai aparecer em algum outro lugar. Nós achamos esse lixo dentro do mar e dentro de alguns animais mortos, como plásticos dentro de tartarugas. É um problema bem sério. Existem estimativas que indicam que, no futuro, teremos mais lixo do que peixes no mar — explica a bióloga do Ceclimar Cariane Campos Trigo.
Conforme o Ceclimar, no acidente ocorrido em agosto, 45 contêineres caíram no mar: oito ficaram à deriva e os outros teriam afundado. Estima-se que as estruturas tenham levado apenas alguns dias para se abrirem.
— Quando um objeto ou um animal fica boiando na praia por algum tempo, alguns animais e plantas, como as lepas (pequenas conchas), se prendem a eles. E nós vimos isso em algumas bolinhas de Natal recolhidas — explicou Cariane.
Os objetos foram encontrados em Capão da Canoa e na Praia das Cabras, em Cidreira. O material ficará guardado com a Ceclimar.