Uma das principais rodovias usadas na ligação entre Porto Alegre e a Região Metropolitana, a freeway recebe grande fluxo diário de veículos. A rodovia flui em quatro faixas entre Porto Alegre e Gravataí, mas, ainda assim, costuma registrar, em todos os fins de tarde, congestionamento nas proximidades do acesso à Avenida Assis Brasil, na Capital, devido ao grande movimento na via.
O trecho foi visitado por GZH em uma terça-feira. No total, a partir das 18h35min, a reportagem levou 23 minutos para percorrer uma extensão de 4,1 quilômetros, desde a freeway até a rótula da Assis Brasil com a Avenida Bernardino Silveira Amorim — que, sem fluxo, poderia ser vencida em menos de cinco minutos. Com a Assis Brasil lotada de veículos, quem está circulando pela freeway e quer acessar a avenida não consegue. Assim, precisa ficar aguardando em filas que se formam na rodovia federal.
O ponto inicial do trajeto de GZH foi o começo do congestionamento, registrado no sentido Capital-Litoral, na faixa da direita da freeway, cerca de 2,5 quilômetros antes do acesso à Assis Brasil. Somente nesse trecho, foram 16 minutos de trânsito lento, parado em alguns momentos, até chegar à alça de acesso. Enquanto isso, as duas faixas localizadas bem à esquerda fluíam bem. Enquanto aguardava no congestionamento, a reportagem viu dois carros ultrapassando pelo acostamento.
A alça de acesso à Assis Brasil também seguiu trancada nas duas faixas disponíveis enquanto GZH esteve no local. Quando os veículos estão se aproximando da avenida, percebe-se que as duas faixas da alça se somam a outras duas usadas pelos veículos que se deslocam de Cachoeirinha para Porto Alegre. Como não há sinalização ou informação de preferencial, os motoristas seguem lentamente para conseguir acessar a avenida.
Passado esse ponto, o trânsito flui melhor, com velocidade de 40 km/h a 50 km/h nas quatro faixas. O fluxo segue intenso até a rótula com a Avenida Bernardino Silveira Amorim, perto da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs). Nesse cruzamento, muitos motoristas seguem em direção ao Porto Seco, a Alvorada ou a bairros da zona norte de Porto Alegre, de forma que a Assis Brasil passa a fluir melhor, com tráfego menos intenso.
O contabilista Lairton Jaskulski, 66 anos, mora em Cachoeirinha e precisa passar todos os dias pela freeway nesse trecho. Apesar de usar o acesso à cidade, ele acaba sendo afetado pelo congestionamento que se forma na Assis Brasil:
— Em condições normais, do trabalho para casa seriam 25 minutos. Mas, com congestionamento, demora uma hora. É um estresse, além do consumo de combustível no para e arranca. É um problema histórico que seria facilmente resolvido com a construção de uma elevada da Assis Brasil até a rótula (com a Avenida Bernardino Silveira Amorim) — opina.
Morador de Gravataí, o analisa de Tecnologia da Informação (TI) Juliano Spern Maglia, 31, também precisa passar pela freeway para chegar em casa após o trabalho. Ele diz que o problema acontece há mais de três anos e que, muitas vezes, os veículos acabam formando mais filas do que deveriam:
— São duas faixas para a descida, então o pessoal forma fila dupla, fila tripla, fila quádrupla às vezes. Ou eu saio do trabalho (na Avenida Carlos Gomes) até umas 17h20min ou só depois das 19h, porque senão é muito trancado.
Além dos relatos citados na reportagem, GZH recebeu outro depoimento por meio de questionário:
- Tatiane Fracasso, de Porto Alegre: "Todos os dias há uma tranqueira na saída da freeway para entrar na Avenida Assis Brasil. É por volta das 18h. Há 45 anos. Causa consumo de combustível".
Prefeitura estuda alternativas
A diretora de Mobilidade Urbana da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana da Capital, Carla Meinecke, avalia que o principal problema da região é a falta de capacidade da Avenida Bernardino Silveira Amorim, que costuma receber grande movimento de carros e de veículos de carga que seguem em direção ao Porto Seco e que circulam de forma mais lenta. Como a avenida é muito estreita, não dá conta de escoar todo o trânsito — e o problema gera uma onda de congestionamentos na Avenida Assis Brasil e na freeway.
Conforme a diretora, um grupo de trabalho coordenado pela Secretaria de Parcerias está buscando outras vias que possam servir de alternativa à Bernardino. A ideia é definir ruas ou avenidas que possam receber melhorias e servir para escoar parte do tráfego.
— A ideia é criar alternativas viáveis que não envolvam muitas desapropriações, mas usando as diretrizes gravadas no Plano Diretor para estruturar outras formas de acesso. A Bernardino tem muitas construções, então, as desapropriações seriam muito demoradas. Essas questões de trânsito precisam de uma avaliação sistêmica: não adianta resolver um ponto se não for resolvida uma grande extensão, ou uma rede inteira para dar capilaridade. Fazendo algumas pequenas e médias intervenções, a gente vai ajustando e dando fôlego — explica Meinecke.
O especialista Rafael Roco de Araújo sugere outras melhorias possíveis para a região:
— A Assis Brasil é larga, mas tem muitos semáforos, o que quebra a hierarquia da via. Assim, ela deixa de ser expressa e passa a ter muitas interrupções. Além disso, na rótula em frente à Fiergs, é possível fazer uma passagem de nível (viaduto), pois há um tráfego muito pesado de caminhões — opina o professor da Escola Politécnica da PUCRS, que abrange cursos como Engenharia Civil e Arquitetura.
Responsável pela freeway, a CCR ViaSul informou, por meio de nota, que a retenção de tráfego observada nos fins de tarde na altura do km 86 ocorre devido à incapacidade do viário urbano de Porto Alegre em absorver o tráfego em horários de pico.
"Em razão dessa condição, a concessionária mantém suas ações de monitoramento de tráfego no local, com reforço na sinalização vertical/horizontal orientando os veículos com destino à Avenida Assis Brasil que se posicionem nas faixas da direita, evitando que o motorista de longa distância permaneça retido na região de lentidão. Adicionalmente, a concessionária informa em tempo real os usuários da rodovia sobre as condições do tráfego por meio de seus painéis eletrônicos de mensagens, pelo site (www.ccrviasul.com.br), aplicativo (‘CCR Rodovias Sul’), pelo Disque CCR ViaSul (0800 000 0290) e pelo WhatsApp (51 3303-3858)", diz a nota.