O presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar o que classifica como “indústria das multas”, elegendo um novo inimigo aos motoristas nas estradas do país. Em transmissão ao vivo em suas redes sociais, na noite desta quinta-feira (6), ele afirmou que fará uma enquete nos próximos dias em sua página do Facebook, questionando se os radares móveis deverão continuar sendo utilizados para punir condutores que trafegam acima da velocidade máxima permitida.
Sem citar a realização de estudos técnicos para embasar a questão, conclamou seus seguidores a se posicionarem sobre o tema, afirmando que as opiniões serão consideradas para uma futura decisão do governo federal sobre o tema.
— Se você gosta de pagar multa, coloca lá que é a favor do radar móvel. Se é contrário, coloca o contrário. Vai servir, inclusive, para decidir se teremos ou não radares móveis no Brasil.
Bolsonaro também defendeu o projeto de lei encaminhado à Câmara dos Deputados nessa semana que altera o Código de Trânsito Brasileiro. Ele voltou a afirmar que, se dependesse de sua vontade, o limite de pontos para a perda da carteira seria ampliado para 60, e não 40, como foi incluído na proposta. Atualmente, o motorista responde a processo que pode culminar com a perda da habilitação ao ultrapassar 20 pontos.
Sobre o ponto de maior polêmica do texto, a eliminação de multa a quem transporta crianças pequenas sem cadeirinha, o presidente defendeu a criação da “advertência”. Segundo ele, não há punição efetiva atualmente, já que o valor cobrado pela infração, considerada gravíssima, pode ser derrubado na Justiça, por se tratar de uma determinação do Conselho Nacional de Trânsito (Contram), e não de uma lei.
— O povo brasileiro gosta que o Estado fique no cangote dele — disse, em resposta às críticas ao projeto.
Ele não comentou sobre o trecho da proposta que extingue o exame toxicológico para motoristas profissionais, como taxistas e caminhoneiros, ponto que também gerou grande repercussão.
Três ministros participaram da transmissão
A transmissão, que durou 27 minutos, foi feita da Argentina, país que Bolsonaro visitou nesta quinta-feira (6). A seu lado, estavam três ministros: Tereza Cristina (Agricultura), Paulo Guedes (Economia) e Bento Albuquerque (Minas e Energia). O trio comentou sobre ações discutidas com autoridades do país vizinho.
Na área rural, a ministra exaltou o reconhecimento do país vizinho à identidade geográfica da cachaça brasileira. Segundo ela, a ação mostra boa vontade para o destravamento de outros temas de interesse comum, como a redução de custos fiscais e sanitários a partir de uma aduana integrada.
Guedes afirmou que o governo brasileiro trabalha pela aproximação com o presidente argentino, Mauricio Macri, com o objetivo de desenvolver políticas energéticas e de compras de alimentos mais próximas. Em meio a críticas ao Mercosul, o ministro voltou a afirmar que a participação no bloco econômico atravancou a economia dos dois países.
Ao citar as amarras legais para privatizações, destacou a suspensão do processo de venda de uma subsidiária da Petrobras, após liminar do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, afirmando que o país tem “uma preferência pela pobreza”.
Na área de Minas e Energia, Albuquerque destacou leilões de energia limpa para abastecer o Estado de Roraima, que atualmente depende de energia vinda da Venezuela ou de geração termelétrica, que possui custo maior. Ele projetou que as novas fontes deverão estar disponíveis em 2021.