Na sua primeira visita ao Rio Grande do Sul como ministro das Cidades, Giberto Kassab terá nesta quinta-feira reuniões com o governador José Ivo Sartori e com o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, para tratar principalmente de viabilizar o custeio do metrô da Capital.
Anunciado em 2013 pela presidente Dilma Rousseff com orçamento previsto de R$ 4,8 bilhões, o metrô depende de repasses de município, Estado, União e iniciativa privada. Kassab assegura que as dificuldades financeiras do Estado e do país não engavetarão a obra, que deve ter a licitação lançada em meados do ano.
- É uma obra de grande dimensão para a cidade, e a disposição da presidente Dilma é total no sentido de superar os obstáculos que existem, com o apoio e verba do governo federal - disse em entrevista a ZH.
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Um dos objetivos da conversa com o governador é examinar os caminhos que existem para que possa ser iniciada a obra e o Estado possa honrar sua participação.
Nos encontros com Sartori e Fortunati, também será feito um balanço do andamento do Minha Casa Minha Vida. No Estado, segundo Kassab, o programa contratou 261 mil unidades e entregou 176 mil, um investimento total de R$ 16,9 bilhões. Só em Porto Alegre foram aplicados R$ 1,7 bilhão e contratadas 27.675 unidades, das quais 9.623 já foram entregues.
Apesar das dificuldades de caixa do governo, Kassab disse que está mantida a fase 3 do Minha Casa Minha Vida:
- Nossa expectativa é abrir ainda no primeiro semestre a fase 3, com mais 3 milhões de unidades. Estamos analisando se vai ser criada ou não uma faixa adicional de renda, uma faixa intermediária. Está bem encaminhado o tema, é uma demanda que a gente sente de um público que muda de faixa muito rápido e que não está preparado para uma prestação com uma diferença tão grande.
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Engenheiro civil e economista, deputado federal por dois mandatos, Kassab, 54 anos, governou a cidade de São Paulo entre 2006 e 2012. Político habilidoso, ganhou fama de criador de partidos. Começou sua carreira no extinto PL, filiou-se ao PFL, depois convertido em DEM. Em 2011, reuniu dissidentes de diversas legendas para criar o PSD, atual dono da quinta maior bancada da Câmara. Agora, estaria por trás da volta do PL, articulação que nega:
- Estou realmente dedicado ao ministério, inclusive me licenciei da presidência do PSD. Pode me acompanhar das 7h da manhã à meia-noite, se você me enxergar fazendo uma reunião política, é porque é outra pessoa.
A seguir, trechos da entrevista em que o ministro fala, entre outros temas, do encontro que terá nesta quinta com o governador e o prefeito.
Dos R$ 4,8 bilhões estimados para obra do metrô de Porto Alegre, o governo do Estado, que vive uma crise financeira, entraria com R$ 1 bilhão. O senhor apresentará uma alternativa a Sartori?
Não. Quero sair da reunião com um estudo de proposta. Chego para discutir caminhos, ouvir do governador que alternativas ele poderia apresentar. Depois, vou relatar a situação para a presidente ver como podemos caminhar para iniciar as obras.
É possível começar a cons­truir o metrô sem o dinheiro do governo do Estado?
Vai ser o objeto do nosso estudo e da nossa discussão.
Já o governo federal tem condições de bancar sua parte no metrô? O tema que domina a agenda do Planalto é o corte de gastos, o ajuste fiscal.
Nada será suspenso, poderá ser deslizado. Mas continua a disposição da presidente e do governo para fazer a obra.
Em outras capitais as obras de metrôs também encontram dificuldades. Isso é normal?
Todas são obras muito grandes, com obstáculos, por isso com prazo de execução muito maior. Em qualquer Estado, uma obra dessa envergadura demanda quatro, cinco, seis anos. Em Porto Alegre, não será diferente. É natural a análise de problemas que surgem ao longo da discussão do projeto.
Com os cortes de gastos em 2015, os programas do ministério serão reduzidos?
Qualquer governo precisa ter prioridades, em especial em um momento de aperto financeiro. No discurso de posse e na reunião de ministros, a presidente Dilma preservou o Minha Casa Minha Vida. Após as manifestações, ela assumiu compromisso com a mobilidade urbana. Acredito que, por conta das prioridades, os cortes aqui no ministério serão mais suaves.
Muitas das obras de mobi­lidade da Copa do Mundo não ficaram prontas. Há pressão para concluí-las?
O eleitor cada vez mais cobra o bom uso do recurso público. Isso é muito bom. Ele quer ver e sentir os benefícios que a família tem com o dinheiro do seu imposto.
O saneamento é seu grande desafio no ministério? Como melhorar o serviço no país?
Queremos investir em parcerias público-privadas. Existe um espaço para ser explorado com a participação do capital privado, estamos discutindo o melhor modelo. Nossa ideia é apoiar ao tentar subsidiar a contrapartida do município e do Estado dentro da parceira público-privada.
O senhor criou um partido, o PSD, e o Planalto conta com seu apoio no Congresso. O PSD vai apoiar o ajuste fiscal?
Minha posição é de apoio ao pacote, acho que é fundamental para o país, porque sem estabilidade econômica é muito difícil retomarmos os índices de crescimento que tivemos no passado recente.
É possível cobrar fidelidade da bancada do PSD?
O partido é base, pois definiu em convenção apoiar o governo da presidente Dilma. Agora, o partido não é daqueles que tem coronéis, cada deputado tem a sua consciência. O que estiver ao nosso alcance para ponderar com a bancada será feito, pois temos responsabilidade com um governo que a gente ajudou a eleger.
É assunto recorrente a atuação do senhor para criar o PL. O novo partido sairá?
Não tenho a menor ideia, estou totalmente afastado desse processo. O PL tem um presidente, que é o ex-deputado Cleovan Siqueira. Assim como nós apoiamos a Rede, o Solidariedade e o PROS, também estamos apoiando o PL.
Se o PL for criado, haverá a fusão com o PSD, o partido do senhor?
Não estou participando, estou realmente dedicado ao ministério.
Então o senhor não é um criador de partidos?
Não, não mesmo. Estou fora. A fama é que é grande.