Na busca por vida inteligente fora da Terra, a Agência Espacial Norte-americana (Nasa) explorou a superfície de Titã, maior Lua a orbitar Saturno, banhada por três grandes mares, todos compostos por metano e etano líquidos. A média de temperatura no satélite natural é de aproximadamente -179°C, por isso, os elementos, que são encontrados como gases na Terra, tornam-se líquidos por lá.
A exploração da Nasa ocorreu entre 2004 e 2017. Os dados obtidos pela sonda Cassini indicaram a presença de mares e lagos no satélite natural, que agora foram aprofundados em estudo publicado na revista Nature pela Universidade de Cornell, dos Estados Unidos, que identificou três grandes ciclos de líquidos na maior Lua de Saturno.
No Sistema Solar, Titã é o único astro além da Terra que também possui incidência de chuva líquida. No entanto, no satélite natural as nuvens expelem metano líquido ao invés de água, informa matéria publicada na Folha de S. Paulo.
— Titã é um mundo semelhante à Terra com um conjunto diversificado de morfologias de superfície muito familiares, moldadas por um sistema hidrológico baseado em metano operando em uma atmosfera densa de nitrogênio — disse Valerio Poggiali, principal autor do estudo.
Com atmosfera densa e composta por nitrogênio e metano, Titã tem um céu alaranjado e escurecido. Seu dia equivale ao período de 16 na Terra, o que implica diretamente em marés lentas e "geralmente fracas", destacou o estudo.
Três sistemas de maré
Os dados da Cassini indicaram três sistemas de maré em Titã: Kraken Mare, similar em tamanho com o Mar Cáspio – maior lago da Terra, situado na Ásia; O segundo maior é Ligeia Mare, comparado ao lago Superior, na América do Norte; e o Punga Mare, com extensão parecida ao do lago Vitória, na África.
Conforme a pesquisa, os mares de Titã carregam metano líquido e puro, que, posteriormente, "desagua" em áreas onde há mais presença de etano. O sistema é similar ao da Terra, com o encontro da água doce dos rios com a água salgada dos oceanos, analisaram os pesquisadores.
Os estudiosos ainda buscam esclarecer se este material teve contato com a água em algum momento, o que poderia estar relacionado com a origem da vida na Terra.
— Todo esse material orgânico já esteve em contato com água líquida? Acreditamos que interações semelhantes poderiam ter levado à origem da vida em nosso planeta, com a geração de moléculas capazes de produzir energia ou armazenar informações — salientou.