Elon Musk publicou na rede X (antigo Twitter), do qual é dono, que o primeiro implante cerebral da Neuralink foi realizado com sucesso no último dia 28. Segundo o milionário, os testes iniciais mostram resultados promissores na detecção de picos de neurônios. O objetivo da tecnologia é ajudar pacientes com deficiência ou que sofreram acidentes a recuperar parte de funções comprometidas, entre elas, fala, movimento e visão.
A empresa, criada pelo magnata em 2016, trabalha com a construção de tecnologias baseadas na interface cérebro-computador, contando com o uso de inteligência artificial (IA). Um dos projetos mais ambiciosos da companhia é, justamente, criar um chip capaz de fazer órgãos comprometidos voltarem a funcionar, como no caso de pessoas cegas, de acordo com a CNN Brasil.
Essa não é a primeira vez que se cria um dispositivo que tenta interferir nas funções cerebrais do receptor. Em 2004, uma tecnologia com um objetivo parecido foi desenvolvida pela empresa Blackrock Neurotech, chamada de Utah Array. Outras tentativas contribuíram para o desenvolvimento tecnológico da área ao longo das últimas duas décadas.
Como funciona o chip da Neuralink
Com mais de mil eletrodos localizados em um único chip, o "Telepatia", como é chamado, processa e transmite sinais eletrônicos para computadores e celulares. Para implantar o dispositivo, que tem o tamanho de cerca de cinco moedas empilhadas, é necessário abrir o crânio do paciente com uma cirurgia invasiva.
O aparelho age em neurônios individuais, na tentativa de conseguir resultados mais precisos em cada comando. O hardware seria capaz de registrar a atividade do cérebro e enviar estímulos eletrônicos a regiões específicas. Caso funcione, a startup espera que seja possível realizar tarefas como controlar um mouse ou enviar uma mensagem de texto apenas com os pensamentos.
Além de tratar distúrbios como esclerose lateral amiotrófica (ELA), Parkinson, paralisia e lesões, a Neuralink pretende, eventualmente, aproximar a relação entre inteligência artificial e humanos. Por mais que os resultados iniciais animem a comunidade científica, controvérsias e debates éticos já estão ganhando força.
Testes polêmicos
A Neuralink realiza testes com animais desde a sua fundação. Nos últimos anos, os experimentos vêm ganhando atenção pelos seus resultados. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos teria iniciado uma investigação sobre possíveis violações dos direitos dos animais, ainda em 2022.
O documento, analisado pela Reuters, afirmaria que o processo foi conduzido com pressa, resultando no sofrimento e na morte desnecessários de aproximadamente 1.500 animais, incluindo ovelhas, porcos e macacos. A Agência de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA) aprovou, em maio de 2023, o processo que resultaria no primeiro teste em seres humanos.
Milhares de pessoas se voluntariaram para receber o chip. As inscrições estavam abertas para pacientes com paralisia decorrente de lesão na coluna vertebral ou ELA. Até o fim do ano passado, a empresa previa que 11 cirurgias fossem realizadas em 2024, com mais 27 em 2025 e 79 em 2026. Se os resultados forem positivos, a expectativa é de chegar em 2030 com cerca de 22 mil implantes.
Ainda não se tem uma data estimada para a liberação do uso comercial do produto. A empresa estima que o "Telepatia" deva custar em torno de US$ 10,5 mil (ou R$ 52 mil, na cotação atual).