Na noite de quarta-feira (1º), moradores de Porto Alegre, Venâncio Aires e Gravataí relataram ter visto luzes "estranhas" no céu por volta das 20h. Em mensagens enviadas para a Rádio Gaúcha, os ouvintes compartilharam fotos de uma fila de pontos brilhantes. O rastro luminoso em questão é formado por um grupo de satélites de telecomunicações Starlink, da empresa Space X, de Elon Musk.
A empresa lança esses de satélites desde 2019. Segundo o astrônomo Jonathan McDowell, que mantém um site atualizado sobre a localização deles, até agora 3,5 mil estão em órbita, sendo 3,1 mil em funcionamento. O diretor do planetário da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), Guilherme Frederico Marranghello, explica que, como são muitos, é comum ver alguns dos grupos no céu, como o que aconteceu durante a noite passada.
— Eles (satélites) fazem uma órbita ao redor da Terra, então às vezes podem ser vistos em diferentes cidades. Dá para reconhecer por causa do formato. Sempre que ver um trenzinho de luzes caminhando no céu, são eles — afirma.
Os satélites estão sempre passando por algum lugar e diversos aplicativos ou sites buscam avisar sobre passagenes. O site findstarlink.com confirma que o equipamento da Starlink poteria ser visto em Porto Alegre por volta de 20h26min da quarta-feira.
O ouvinte Jorge Federhen, de Venâncio Aires, conta que estava na sacada de casa observando aviões com a esposa e o sobrinho quando viu as luzes no céu e fotografou. Segundo o site, o rastro que passou sobre o RS foi o grupo Starlink-69 (G2-6), um dos mais recentes em órbita. Ele poderá ser visto novamente nos arredores da Capital em menos de uma semana, de acordo com o portal.
Poluição
Ao falar desses equipamentos, é normal que as pessoas fiquem preocupadas com a poluição ou os malefícios que eles podem causar na órbita da Terra. O projeto Starlink, idealizado em 2015 por Elon Musk, tem como objetivo cobrir o planeta com satélites para prover internet banda larga. O plano quer criar uma mega constelação, formada por, pelo menos, 12 mil unidades em órbita. A medida, porém, pode prejudicar outras observações.
— Quando trabalhamos com pesquisa astronômica, tentamos posicionar o telescópio no melhor lugar. Às vezes, o telescópio passa horas no céu apontado para um ponto específico e esses objetos passam na frente e estragam a imagem — explica Marranghello.