Um grupo de astrônomos dos Estados Unidos e da Alemanha descobriu recentemente que não há fosfina (PH3) em Vênus, como alguns pesquisadores acreditavam. Se esse composto gasoso estivesse presente, ele indicaria a possibilidade de existência de vida ou matéria orgânica em decomposição no planeta. As informações foram divulgadas no site da Nasa.
A investigação contou com o uso de um telescópio infravermelho do Observatório Estratosférico para Astronomia Infravermelha (Sofia), que foi recentemente aposentado. O Sofia fazia parte de um projeto entre a Agência Espacial Norte- Americana (Nasa) e o Centro Espacial Alemão (DLR), da Agência Espacial Alemã.
Em 2020, um grupo de estudiosos dos Estados Unidos, Japão e Reino Unido anunciou que poderiam ter descoberto a presença de gás de fosfina na atmosfera de Vênus, mas alertaram que continuariam realizando uma série de estudos aprofundados para confirmar essa hipótese. Desde então, pesquisadores de diferentes países têm utilizado telescópios espaciais para observar o planeta e tentar detectar a presença ou ausência do composto químico.
O composto químico
A fosfina é um composto gasoso formado por um átomo de fósforo e três de hidrogênio. Ela está presente na Terra, em Júpiter e Saturno.
A existência de fosfina nas atmosferas dos planetas serve como um bioindicador, ou seja, aponta para a possibilidade de vida. Na Terra, o gás pode ser encontrado em pântanos, indicando a atividade de matéria orgânica em decomposição.
Segundo os astrônomos, existem diversas maneiras da fosfina ser formada em planetas rochosos para além da decomposição de matéria orgânica. O gás pode ser gerado a partir da atividade vulcânica, por exemplo.
O telescópio aposentado
O Sofia era um telescópio presente em uma aeronave. O telescópio atingiu sua capacidade operacional total em 2014 e fez seu último voo científico em 29 de setembro deste ano. Após concluir essa última missão, foi aposentado.
Para estudar a atmosfera de Vênus, a tecnologia fez três voos em novembro de 2021, buscando indícios de gás de fosfina. O telescópio era operado a partir da Terra e conseguiu obter dados e informações de Vênus a partir de observatórios terrestres.
Com o uso do Sofia, os astrônomos não captaram nenhum indício do composto químico e acreditam que, se houver a presença desse gás, seja no máximo 0,8 partes de fosfina por bilhão de partes de todos os outros componentes, o que é um valor muito baixo para ser levado em consideração.