Cientistas dos Estados Unidos, Reino Unido e Japão anunciaram nesta segunda-feira (14) a descoberta da presença do gás de fosfina na atmosfera de Vênus, o planeta mais próximo da Terra. A presença desse composto é considerada um indício de que possa existir vida naquele local, mas os pesquisadores apontam a necessidade de estudos mais aprofundados.
A fosfina é um gás altamente tóxico, composto por hidreto de fósforo e raro de ser encontrado em seu estado natural na Terra, sendo utilizado principalmente em inseticidas. A fonte da substância em Vênus ainda não foi descoberta, mesmo após análises exaustivas na atmosfera, após investigação de nuvens, superfície e subsuperfície do planeta ou pelo estudo de possíveis transferências por vulcões, relâmpagos e meteoros.
Esta é a primeira vez que este composto é descoberto em um dos quatro planetas telúricos do nosso sistema solar, "a Terra à parte", disse à AFP Jane S. Greaves, professora de astronomia da Universidade de Cardiff, que liderou o estudo.
"Pode vir de processos desconhecidos de fotoquímica, ou geoquímica, ou, por analogia com a produção biológica de fosfina na Terra, graças à presença de vida", explica o estudo, publicado na revista Nature Astronomy.
Apesar de letal, a fosfina foi encontrada em uma quantidade impossível de ser criada por processos abióticos, indicando que sua presença no planeta pode estar ligada a organismos vivos.
Além das nuvens de ácido sulfúrico e uma temperatura tão alta que beira os 462,2ºC, o planeta tem uma atmosfera composta de 96% de dióxido de carbono e pressão de superfície 92 vezes maior que a da Terra.
A descoberta foi feita usando o telescópio James Clerk Maxwell, no Havaí, e o telescópio Atacama, no Chile, por uma equipe de cientistas da Universidade de Manchester, Cardiff e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts - além da participação da Universidade de Kyoto.