Imagens captadas na noite da última sexta-feira (11) registraram a reentrada do satélite Starlink na atmosfera terrestre. As cenas foram capturadas por duas estações da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (Bramon), situadas no município paulista de Nhandeara, e também pela câmera de um parceiro da Bramon, a Clima ao Vivo, situada em Monte Azul Paulista.
Com base na triangulação dessas imagens, a Bramon conseguiu calcular a trajetória desse satélite. Conforme Marcelo Zurita, diretor-técnico da Rede, o objeto veio do Mato Grosso do Sul em direção a Lins, no interior de São Paulo.
— Provavelmente, ele veio queimando desde o Mato Grosso, mas com menor intensidade. Possivelmente, passou de Lins — diz.
— Também calculamos o espaçamento entre os fragmentos. O maior era de 12 quilômetros. Isso quer dizer que ele começou a se despedaçar muito antes (de ser flagrado pelas câmeras) — completa.
Ao retornar para a Terra, o satélite, além de se despedaçar, entra em processo de incineração. Isso ocorre, explica Zurita, porque, ao perder altitude, o objeto encontra moléculas de gases da alta atmosfera. Esse processo é tão intenso que acaba provocando calor.
— Partes mais frágeis são incineradas, viram vapor. Sobram apenas as partes mais resistentes. Eles podem ter resistido, mas como são parcialmente consumidos, não dá para dizer se chegaram ao solo ou não. Fora isso, são pequenos demais para provocar estragos — explica.
O projeto Starlink, idealizado em 2015 por Elon Musk, homem à frente da americana SpaceX, tem como objetivo cobrir o planeta de satélites para prover internet banda larga com preços acessíveis e em pontos antes não atendidos pelas redes atuais. Ambicioso, o plano quer criar uma mega constelação, formada por, pelo menos, 12 mil satélites em órbita — a SpaceX já teria pedido autorização para lançar outros 30 mil.