Pilotos do voo 4248, da companhia aérea Azul, que viajavam do Rio de Janeiro para Porto Alegre, e do voo 2007, da Gol, que decolou de Florianópolis com destino à Capital gaúcha, relataram na noite desta segunda-feira (7) ao controle de tráfego aéreo do Aeroporto Internacional Salgado Filho o avistamento de luzes de origem desconhecida no céu do Rio Grande do Sul. É a quarta noite consecutiva com relatos desse tipo sendo registrados.
Em um vídeo publicado em canal do YouTube é possível ouvir o piloto do voo que partiu de Florianópolis relatando ao controle de tráfego aéreo às 23h30min o avistamento de luzes de origem desconhecida enquanto a aeronave se aproximava de Porto Alegre.
— São entre quatro e seis luzes, em um movimento de órbita. Nós estamos avistando desde o horizonte — disse o comandante.
Outro comunicado semelhante a esse foi emitido pelo comandante do voo da Gol na noite dessa segunda-feira. No vídeo, é possível ouvir o piloto relatando ao controle de tráfego aéreo do aeroporto gaúcho que avistou às 23h50min luzes desconhecidas quando a aeronave sobrevoava Torres.
— Quero reportar aos nossos colegas que à nossa esquerda, através da cidade de Torres, sobre o mar, há três luzes não identificadas com movimentação — contou.
Outras ocorrências
A sequência de relatos teve início noite de sexta-feira (4), quando pilotos do voo 4248 da Azul, que partiu do Rio de Janeiro com destino a Porto Alegre, relataram o avistamento de objetos voadores não identificados que se moviam rapidamente e luzes que mudam de cor com rapidez no céu em direção à Lagoa dos Patos.
O professor Carlos Jung, coordenador do curso de Engenharia de Produção das Faculdades Integradas de Taquara (Faccat) e um dos fundadores do Observatório Heller & Jung relatou a GZH que o telescópio do observatório conseguiu captar um objeto desconhecido nesse mesmo dia do relato dos pilotos, mas que não conseguiu identificar o que era.
— Encontrei algo na direção da Lagoa dos Patos no dia 4 de novembro, às 23h22min. Não identificado mesmo — contou Jung.
No sábado (5), o piloto do voo 3406, da Latam, que decolou da cidade paulista de Guarulhos com destino a Porto Alegre, questionou por volta das 23h a central de tráfego aéreo sobre a presença de algum objeto em direção a aeronave que estivesse emitindo luzes.
— Por gentileza, só por curiosidade, tem algum reporte de algum objeto na posição de 10 para 11 horas, praticamente sobre Porto Alegre, um pouquinho ao sul? — perguntou o comandante
Após a resposta negativa da central, o piloto relatou o que estava vendo.
— Tem umas luzes. Por vezes, elas apagam, acendem, às vezes são uma, às vezes são duas ou três — informou.
Ainda no sábado, pilotos de outros três voos (4248, 3140 e 4407), das companhias aéreas Azul e Latam, também emitiram comunicado sobre o avistamento de luzes. Em todos relatos, afirmavam que elas acendiam, se movimentavam e apagavam, mas que, apesar disso, não prejudicavam o tráfego aéreo.
Na madrugada de domingo (6) para segunda-feira (7), por volta das 24h16min, um piloto que estava chegando em Porto Alegre comunicou a central de comando o aparecimento de luzes.
— Três ou quatro luzes fazendo evoluções e não dá para precisar nem a altitude, nem a distância
O que dizem os especialistas
Para Carlos Jung, os casos podem ser resultados de um fenômeno físico chamado de reflexão difusa. De acordo com o professor, luzes geradas por holofotes ou outras fontes luminosas podem ser direcionadas para as nuvens, e com isso, serem refletidas para diversos pontos.
Com relação ao caso mais recente, ocorrido na noite desta segunda-feira, Jung informou que o observatório não conseguiu captar as luzes.
— Analisei todas imagens em direção a Torres e o céu estava estrelado mas sem luzes — explicou.
Segundo o professor, a situação ocorrida no litoral gaúcho pode ser resultado de luzes projetadas por drones, já que o céu estava limpo e sem a presença de nuvens, tornando improvável o fenômeno da reflexão difusa nessa situação.
Em comunicado enviado à imprensa, a Fraport, administradora do Aeroporto Salgado Filho, informou que não tinha registro sobre os casos. Já a Força Aérea Brasileira (FAB) comunicou que nenhum objeto desconhecido foi captado pelos radares da defesa aérea e que tudo ocorreu dentro da normalidade, sem a necessidade de registro de ocorrência aeronáutica no Rio Grande do Sul.