O relato de avistamento de objetos luminosos desconhecidos é um episódio raro ou mesmo inexistente na rotina de pilotos de voos comerciais, afirmam profissionais ouvidos pela reportagem de GZH. No sábado (5), pilotos reportaram a observação dos corpos sem origem definida na região de Porto Alegre. Na sexta-feira (4), uma descrição parecida foi feita por passageiros de um voo entre o Rio de Janeiro e a Capital.
Gravações não oficiais do diálogo entre pilotos da Azul e Latam, que teria ocorrido no sábado, foram publicadas no YouTube. Há, ainda, um registro em vídeo do que seriam os sinais luminosos desconhecidos avistados nos voos.
Nelson Riet, 80 anos, hoje aposentado, foi piloto comercial por mais de cinco décadas e acumulou mais de 24 mil horas de voo. Parte desse tempo foi dedicada a deslocamentos pela Viação Aérea Rio-Grandense (Varig) e na aviação executiva na Inglaterra. Ele afirma "nunca ter visto nada" fora do habitual nesse período, ou seja, diz jamais ter observado um objeto voador não identificado (óvni), conforme a definição adotada pelo Arquivo Nacional (Sian), do governo federal.
— O que acontece muito é o que chamamos de ilusão ótica. À noite, perdemos a referência com o chão e o céu, fica tudo uma só imagem. Então, ao fazer uma curva, pode parecer que vimos alguma coisa. Sabemos que isso pode acontecer: de pensar que estamos vendo algo, mas que, na verdade, não existe — diz.
Segundo Riet, os pilotos seguiram os protocolos de segurança adequados à situação ao reportar o avistamento dos objetos luminosos.
Olavo Farina, 33 anos, é piloto comercial e atua em diversos trechos no Brasil há seis meses. Ele diz nunca ter notado algo fora do comum durante a atividade profissional, e tampouco, até então, tinha ouvido relatos de colegas de profissão similares ao reportado no sábado.
— Às vezes, as luzes distantes são satélites. Eu apenas vi coisas que eu sabia o que era, nunca vi na minha rota nada com movimentos estranhos (igual aos relatados pelos colegas) — comenta.
A reportagem conversou com um piloto que diz ter avistado os objetos luminosos desconhecidos similares no último dia 22, na região da Lagoa dos Patos. O profissional, que pediu para não ser identificado, afirma ter começado a avistar o fenômeno quando estava em Santa Catarina, no deslocamento à Capital.
— Inicialmente, (os objetos) se apresentaram em formação, aparentemente em uma espécie de órbita, e se mantiveram assim por quase uma hora. Quando se aproximaram de Porto Alegre, mudaram de formação, ficaram maiores, se movimentaram rapidamente, trocaram de posição, ascendendo e apagando as luzes — diz.
O profissional atua há cinco anos na área e afirma jamais ter visto algo parecido. Segundo ele, o fenômeno ocorreu entre 22h e meia-noite. Durante a observação, o piloto ressalta que conseguiu identificar três objetos que faziam o trajeto, sob a região da Lagoa dos Patos, com movimentos inéditos para ele até aquele momento.
— Desconheço algo com a capacidade de manobra apresentada por eles. É, de fato, algo bem diferente — acrescenta.
Daniel Christian de Souza, criador do Centro de Estudos Ufológicos (CEU) do Litoral Norte do Rio Grande do Sul, confirma que imagens parecidas foram vistas por pilotos em Santa Catarina há duas semanas.
— Estamos coletando todos os dados possíveis e vamos atrás também da Força Aérea Brasileira (FAB) para tentar reunir o máximo de informações — comenta.
O que dizem as autoridades
A Força Aérea Brasileira informou que, na sexta e no sábado, o controle do espaço aéreo "ocorreu dentro da normalidade, não havendo registro de ocorrência aeronáutica no Estado do Rio Grande do Sul. Nenhum objeto desconhecido foi identificado pelos radares de defesa aérea". A FAB não respondeu ao questionamento da reportagem sobre se haverá uma investigação para apurar o episódio.
Já a Fraport Brasil, que administra o Aeroporto Internacional Salgado Filho, disse não ter conhecimento sobre os fatos relatados.