Com liberação do 5G aguardada para a próxima sexta-feira (29) em Porto Alegre, a tecnologia de telefonia móvel de quinta geração promete mais do que melhorar a velocidade da internet no celular do usuário. A inovação é vista por especialistas como solução para problemas crônicos e também do cotidiano do uso da internet, bem como uma nova forma de permitir a criação de negócios, empregos e modos de conectar objetos diferentes.
De acordo com Eduardo Campos Pellanda, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), a tecnologia que será liberada na sexta-feira será mais rápida e estável que a 4G. Assim, problemas cotidianos devem ser resolvidos. Grandes eventos, como jogos de futebol e shows que ocorrem em Porto Alegre, hoje oferecem más condições de internet aos frequentadores. Com o 5G, a conectividade deve ser de alta velocidade para muitas pessoas nestes locais.
Conforme Pellanda, o 5G irá impulsionar as aplicações de internet das coisas (IoT). Qualquer um poderá criar uma rede particular, eficiente e segura com os objetos da casa, do trabalho e mesmo no trânsito. A indústria terá também benefícios com essa conexão, pois as máquinas serão cada vez mais "inteligentes".
— O 5G nos dará velocidade e qualidade de rede. Um médico, dentro de um barco, poderá fazer uma cirurgia remota com um braço robótico no outro lado do mundo. Essa conexão traz uma confiabilidade que não tínhamos — afirma.
Além disso, o especialista entende que o 5G abre um campo para a inovação e criação de novos negócios que nem são possíveis de se imaginar hoje. Como exemplo, ele cita o caso das tecnologias anteriores: o 3G ajudou a popularizar as redes sociais e o 4G, os aplicativos como o Uber e Ifood, algo não planejado quando do lançamento delas.
— Estamos primeiro fazendo o trilho, para depois passar o trem que ainda não existe. Teremos uma porção de oportunidades. Será aberto um campo da inovação por causa do 5G — afirma.
Carros
Será possível vermos carros autônomos ou mesmo sem motorista em circulação no trânsito brasileiro? Com a chegada do 5G neste ano no país, a resposta mais curta é "sim". A tecnologia será capaz de melhorar conexões da internet móvel e, por consequência, a rede que integrará os veículos. A resposta mais complexa, que não envolve apenas dados e conexões, é que "depende".
— (Para a implementação dos carros autônomos), o 5G não é tão importante, precisamos de uma legislação, que no Brasil apresenta um cenário triste pois não é permitido testes nas ruas desses tipos de veículos — diz Felipe Caleffi, coordenador do curso de Engenharia de Transportes e Logística na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
De acordo com ele, a conexão entre os carros já existe hoje: alguns dos veículos mais modernos funcionam, segundo ele, como um "grande smartphone". O que atrapalha a expansão da tecnologia é que a conexão do 4G tem pouca cobertura e é lenta para a tarefa.
Com o 5G, uma rede de conversa entre os carros poderia ser ampliada e até mesmo órgãos de trânsito poderiam se beneficiar da tecnologia, com mais aos usuários por meio de aplicativos que podem ser desenvolvidos.
De acordo com o Caleffi, mesmo com o 5G, a situação de ter carros autônomos no país é diferente do que é testado hoje nos países desenvolvidos, como nos Estados Unidos e nas nações europeias. A sinalização precária, ruas em más condições e desrespeito às regras de trânsito podem impedir o aproveitamento desse tipo de veículo.
— Precisamos saber se o veículo autônomo dos Estado Unidos consegue dirigir no Brasil. Provavelmente ele não vai conseguir por causa dos problemas do país. Por isso, vamos ter que mudar nossa infraestrutura para tornar ela mais segura para esse tipo de veículo — pontua Caleffi.