Após anunciar que traria a público, nesta quarta-feira (30), uma descoberta digna do "livro dos recordes", a Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) finalmente divulgou o feito. O telescópio Hubble, lançado no espaço há quase 32 anos, conseguiu detectar a estrela mais distante já vista até hoje. Segundo o órgão espacial, o astro existiu no primeiro bilhão de anos após o nascimento do universo no Big Bang. A descoberta promete abrir uma era inexplorada.
A estrela, que recebeu o nome de "Earendel" (estrela da manhã, em inglês antigo), está tão distante que sua luz demorou 12,9 bilhões de anos para chegar à Terra. Só apareceu para nós, segundo a Nasa, quando o universo tinha apenas 7% de sua idade atual.
– Quase não acreditamos no começo, era muito mais longe do que a estrela anterior mais distante. [...] Normalmente a essas distâncias, galáxias inteiras parecem pequenas manchas, com a luz de milhões de estrelas se misturando – disse o astrônomo Brian Welch, da Universidade Johns Hopkins, principal autor do artigo que descreve a descoberta, publicado nesta quinta na revista científica Nature.
A descoberta foi feita a partir de dados coletados durante o programa RELICS (Reionization Lensing Cluster Survey) do Hubble, liderado pelo coautor Dan Coe no Space Telescope Science Institute (STScI), em Baltimore.
– Earendel existiu há tanto tempo que pode não ter as mesmas matérias-primas que as estrelas ao nosso redor hoje. [...] Estudar Earendel será uma janela para uma era do universo com a qual não estamos familiarizados, mas que levou a tudo o que sabemos. É como se estivéssemos lendo um livro realmente interessante, mas começamos com o segundo capítulo e agora teremos a chance de ver como tudo começou – completou o cientista.
O telescópio Hubble foi lançado no espaço há 32 anos e está prestes a se aposentar. Várias das últimas imagens feitas pelo Hubble têm a ver com galáxias. Alguns exemplos incluem examinar uma galáxia espiral subjacente a parte do Aglomerado de Virgem (do qual a Via Láctea também faz parte) e imaginar o "olho" empoeirado de outra galáxia muito parecida com a nossa.
Astronautas a bordo de ônibus espaciais costumavam atender o Hubble, mas esse trabalho cessou quando o programa foi aposentado pela Nasa em 2011. A última missão de serviço ao Hubble foi em 2009. Desde então, todas as manutenções são feitas a partir da Terra.
O sucessor do Hubble, é o telescópio James Webb, uma máquina cem vezes mais potente e que já foi lançada em dezembro do ano passado.