Durante o South by Southwest (SXSW), o maior festival de inovação e de criatividade do mundo, em Austin, no Texas (EUA), a futurista Amy Webb e o professor de marketing da Universidade de Nova York Scott Galloway apresentaram painéis destacando as tendências para os próximos anos. O evento, que segue até o próximo dia 20, reúne tecnologias inovadoras e ideias apresentadas por empreendedores, acadêmicos, artistas e altos executivos.
Amy foi a responsável por destacar o relatório anual de tendências, o Tech Trends Report 2022. Segundo ela, estes indicativos nos convidam a considerar resultados alternativos daqueles que imaginávamos anteriormente e também desbloqueiam a capacidade de reaprender como percebemos a realidade.
O conteúdo do relatório foi dividido em 13 grupos principais de tendências que deverão afetar o consumo, os negócios e a sociedade a partir deste ano: inteligência artificial, privacidade, metaverso, trabalho e cultura, news e informação, health e medicina, home of things, governos e tecnologia, robotização, descentralização e blockchain, telecomunicações e computação quântica, biologia sintética e clima.
Confira as quatro principais tendências apontadas pelo Tech Trends Report:
1. Metaverso
Definido por Amy como um "termo guarda-chuva que define o conjunto de tecnologias que conectam o mundo físico ao mundo digital, parte da nova Web 3.0". As pessoas criarão múltiplas versões de si mesmos, cada uma adaptada a fins específicos. Isso levará à fragmentação – e a uma lacuna cada vez maior entre quem uma pessoa é no mundo físico, e quem ela projeta ser no mundo virtual. O futuro do trabalho se tornará mais imersivo com empresas implantando plataformas de reuniões virtuais, experiências digitais e mundos de realidade mista.
2. Inteligência Artificial
A Inteligência Artificial (IA) representa a terceira era da computação, definida como a capacidade de uma máquina para desempenhar funções cognitivas tão bem ou melhor do que humanos, entre elas percepção, aprendizado, raciocínio, resolução de problemas, compreensão contextual, previsões e o exercício da criatividade. A partir da IA, somos capazes de detectar fraudes, resolver problemas de negócio, melhorar o rendimento das colheitas, gerenciar cadeias de suprimentos, recomendar produtos e até auxiliar designers e escritores em seus trabalhos.
3. Descentralização e Blockchain
O dinheiro será programável num futuro próximo. Devido ao aumento do interesse em não tokens fungíveis (NFTs), desenvolvedores estão tornando as carteiras digitais mais fáceis de uso por grupos mais amplos de consumidores. O ecossistema financeiro está passando por uma transformação com blockchain e protocolos de código aberto que introduzem alternativas aos controles regulatórios.
4. Home of Things
Plataformas Home of Things (HoT) atendem cada vez mais famílias inteiras, em vez de apenas uma pessoa. Os consumidores podem ser mais propensos a adotar eletrônicos que funcionem dentro de uma casa inteligente. Apoiadas por investidores, empresas de tecnologia querem controlar o sono usando sensores, microfones e inteligência artificial.
Provocações durante o evento
Já o professor Galloway, que aborda temas que vão de tecnologia a tendências de consumo, foi taxativo durante o painel Featured Speaker: Provocative Predictions with Scott Galloway ao dizer que o metaverso não se parecerá com o que se imagina atualmente. Confira três opiniões do pesquisador:
1. "O metaverso não será visual"
De acordo com Galloway, o metaverso não será uma experiência visual. Para ele, ter um áudio ou um device "dentro" dos ouvidos criará um nível de intimidade e engajamento que liderará essa mudança para o metaverso muito mais do que o apelo visual. Galloway acredita que, hoje, a maior empresa de metaverso é a Apple, e não o Facebook, com mais de 7 mil experiências imersivas: os aplicativos. É isso que cria um portal. Para ele, o iPhone e os AirPods são o único equipamento 'wearable' que realmente funcionou até hoje.
Numa previsão feita por Galloway em novembro do ano passado, e que segue sendo repetida, ele argumenta que o Oculus (dispositivo criado pela Meta, dona do Facebook, para que os consumidores possam atuar no metaverso) será o fracasso de tecnologia da década. Uma pesquisa do cinesiologista Thomas Stoffregen, da Universidade de Minessotta, descobriu que a incidência de náuseas ao utilizar um Oculos é de 40% a 70% depois de 15 minutos de uso.
2. "Turismo espacial é um negócio ridículo"
Galloway considera "ridículos" os esforços de companhias como a Virgin Galactic, empresa de voos espaciais de capital aberto do Grupo Virgin, para fazer turismo espacial. Para ele, os lançamentos da empresa são apenas jogadas de marketing. De acordo com o especialista, o setor não tem viabilidade financeira. Galloway calcula que a Virgin Galactic teria que vender 3,1 mil passagens por ano no valor de US$ 400 mil cada para ter lucro. Além disso, o analista observa os riscos de uma missão espacial para quem não é exatamente um profissional treinado. Segundo ele, 550 pessoas já foram ao espaço, e 11 não retornaram.
3. "Amazon se tornará uma grande empresa de health care"
Para Galloway, os consumidores lidarão com tudo que se refere à saúde e bem-estar por meio de seus dispositivos como smartphones ou smartspeakers (como é o caso do robô Alexa), e a Amazon é a única companhia capaz de alinhar o uso de devices com alimentação, drogarias online e outros tipos de serviço de saúde. Ele garantiu que a Amazon está para se tornar a maior companhia bilionária e de health care do mundo, e será a empresa mais valiosa do mundo já em 2025.