A suposta detecção de gás fosfina na atmosfera de Vênus levantou a possibilidade de o planeta ter nascido de origem biológica. A questão gerou debate entre a comunidade cientifica, que agora acredita que o planeta possa ser habitável nas nuvens, bem acima da superfície escaldante. As informações foram divulgadas no portal Science Alert.
Especificamente, o nível de irradiação solar em altitudes específicas é comparável à irradiação solar na Terra, o que significa que micróbios fotossintetizantes aerotransportados poderiam sobreviver nessas altitudes. Além disso, a espessa camada de nuvens forneceria alguma proteção contra a radiação ultravioleta prejudicial, sendo possível que a acidez nessas nuvens seja menor do que o previsto, e dentro de parâmetros aceitáveis para a vida.
"Juntas, essas condições fotofísicas e químicas apoiam um potencial fotoautotrófico entre as nuvens", escreveram os pesquisadores.
Tratando-se de habitabilidade no planeta, a questão é improvável, já que as condições na superfície são "infernais". Vênus é terrivelmente quente, com uma temperatura média de 471°C e envolto por em uma espessa atmosfera composta quase inteiramente de dióxido de carbono.
O céu de Vênus é composto por vastas nuvens de ácido sulfúrico e sua pressão atmosférica a zero de altitude é quase cem vezes maior que a da Terra. Logo, quando os cientistas anunciaram a descoberta de gás fosfina na atmosfera do planeta no ano passado, surgiu a polêmica, uma das explicações para sua presença podem ser os microrganismos.
Na Terra, a fosfina pode ser encontrada em contextos muito limitados, já que faz parte de um ecossistema anaeróbico ou com baixo teor de oxigênio. O gás pode ser encontrado em pântanos e lama, onde os micróbios anaeróbicos se desenvolvem; é também encontrado nos intestinos e gases intestinais.
A origem biológica não é a única explicação. Pesquisadores dizem que uma origem vulcânica também é possível, mas para avaliar sua viabilidade um estudo teve de ser feito, e está sendo liderado bioquímico Rakesh Mogul da Universidade Politécnica da Califórnia, nos Estados Unidos.
Primeiro, eles examinaram o nível de luz solar que pode penetrar nas nuvens de Vênus através de dados da expedição russa ao planeta entre 1967 e 1983. Nenhuma de suas sondas sobreviveu por muito tempo na superfície, porém eles enviaram de volta as medições que fizeram das nuvens durante suas descidas.
A partir dessas, e de outras medições históricas, os cientistas conseguiram calcular os níveis de luz dentro das nuvens e determinar que as irradiâncias nas nuvens médias e inferiores de Vênus são semelhantes às da superfície da Terra, onde a vida fotossintética é abundante.