Fundada em 2016 pelo empresário Timothy Stokely, em Londres, o OnlyFans é um site no qual criadores de conteúdo de todos os gêneros podem vender sua produção diretamente aos fãs. Considerada uma rede social, a plataforma se difere das concorrentes por permitir todo o tipo de material e, por essa característica, se popularizou ao comercializar conteúdo adulto – especialmente fotos e vídeos.
Na semana passada, Vanessa Mesquita, campeã da 14ª edição do Big Brother Brasil, anunciou que tem planos de ganhar mais R$ 1,5 milhão por meio de suas publicações na plataforma. Segundo a ex-sister, seu perfil cresceu cerca de 50% nas últimas semanas. Ela avisa que vai cobrar assinaturas a partir de US$ 10 (cerca de R$ 53) para compartilhar conteúdos mais "sensuais, nada pornô", produzidos em casa mesmo. "A proposta é fazer algo bem caseiro", disse.
Idealizado para aproximar os fãs de produtores, como YouTubers e influenciadores, por exemplo, a mensalidade no Onlyfans varia de US$ 4,99 a US$ 49,99 (entre R$ 26 e R$ 260), ficando a critério do artista. De acordo com a Forbes, 80% do valor fica com os artistas.
O negócio acabou sendo impulsionado pela crise sanitária provocada pelo novo coronavírus, que obrigou a indústria do entretenimento a parar a produção. Segundo a revista Rolling Stone, os conteúdos em vídeos foram um dos subprodutos da pandemia com maior aumento na demanda, inclusive, os de cunho adulto.
Da criação, em julho de 2016, até janeiro deste ano, o número de usuários passou de mil para 100 milhões. Dados atualizados em agosto deste ano pelo jornal The Sun, no entanto, contabilizam 130 milhões de usuários e, aproximadamente, dois milhões de produtores de conteúdo.
Os vídeos adultos chegaram a ficar com os dias contatos no Onlyfans devido a uma nova política que pretendia proibir conteúdos sexuais explícitos, a partir de outubro. Após manifestações de produtores, o OnlyFans voltou atrás. Pelo Twitter, anunciou que suspendeu a mudança de política planejada para 1º de outubro. "OnlyFans significa inclusão e continuaremos a fornecer um lar para todos os criadores", dizia o comunicado.
Apesar do apelo sexual, a plataforma não se resume a isso. Alguns artistas a usam para mostrar, por exemplo, bastidores e detalhes das suas vidas pessoais, divulgar portfólio, ou repassar conteúdos, como acontece com alguns coaches fitness. A cantora Cardi B é uma das famosas com conta no site para compartilhamento da sua rotina diária. No Brasil, Anitta é uma das artistas que usa a plataforma.
Pornografia infantil
A discussão sobre a comercialização de conteúdo pornográfico infantil ganhou mais força depois que, em maio, uma investigação da rede BBC denunciou as falhas nos processos de verificação das contas da rede social. Conforme apurou a rede britânica, adolescentes usam identidades falsas ou de parentes para ingressar na plataforma.
Foi o caso de uma menina de 14 anos que teria usado o passaporte da avó para criar a conta. Outra, de 17, começou a lucrar muito ao vender vídeos se masturbando e usando brinquedos eróticos.
A BBC chegou a criar uma conta para uma jovem de 17 anos, usando a identidade da sua irmã, de 26, a fim de evidenciar os problemas de segurança do OnlyFans. A menor nunca teve acesso à conta, afirmou a rede.
Em comunicado enviado à época para a BBC, a plataforma informou que monitora as contas através de recursos tecnológicos e humanos, com o objetivo de evitar que crianças e adolescentes compartilhem conteúdos na rede. “Isso é algo que levamos muito a sério. Revisamos constantemente nossos sistemas para garantir que sejam o mais robustos possível", afirmaram.