O Observatório Dinâmico Solar (SDO, na sigla em inglês) da Nasa, a agência espacial norte-americana, registrou imagens de explosões no Sol no último dia 23 que, conforme o site de astronomia Space Weather, lançaram "uma nuvem de plasma de mais de 350 mil km de largura". As partículas expelidas atingiram a Terra, causando interferência em frequências de rádio em algumas regiões do planeta. Isso afetou as comunicações, GPS e sistemas de rede elétrica.
– Um pulso de radiação ultravioleta da erupção atingiu a Terra, ionizando brevemente o topo de nossa atmosfera. Isso causou um blecaute de rádio de ondas curtas no Pacífico Sul, incluindo o leste da Austrália e toda a Nova Zelândia. As frequências afetadas foram principalmente abaixo de 10 MHz – alertou o SDO.
As explosões foram "previstas" por cientistas do Observatório Solar Nacional (NSO, na sigla em inglês) da Fundação Nacional de Ciência dos Estados Unidos. Usando uma técnica chamada heliosismologia, a NSO tem "ouvido" as mudanças das ondas sonoras do interior do Sol, que indicam a ocorrência de um fenômeno no astro. Foram mudanças recentes nos padrões dessas ondas sonoras que apontaram para o aparecimento iminente de um novo grupo de manchas solares, ocasionadas pelas explosões.
– Medimos uma mudança nos sinais acústicos do outro lado do Sol. Podemos usar essa técnica para identificar o que está acontecendo no lado do Sol que está voltado para longe da Terra dias antes de podermos ter um vislumbre daqui. Ter até cinco dias de tempo de espera para a presença de manchas solares ativas é extremamente valioso para nossa sociedade – explica Alexei Pevtsov, diretor associado do Programa Sinóptico Integrado da NSO.
Tempestades solares geralmente se originam em regiões de manchas solares. Quanto mais emaranhado o campo magnético da região solar, mais provável que ocorram grandes explosões com massa coronal sendo ejetada, resultando em efeitos na Terra.
- Notamos o sinal pela primeira vez em nossas imagens do lado distante em 14 de novembro. Era imperceptível no início, mas cresceu rapidamente, quebrando os limites de detecção apenas um dia depois – disse Kiran Jain, cientista que liderou a pesquisa, descrevendo a evolução das manchas solares como “o sinal mais forte do outro lado que tivemos neste ciclo solar".
A NSO monitora o Sol 24 horas por dia, sete dias por semana, a partir do Grupo de Trabalho de Oscilação Global (Gong, na sigla em inglês), uma rede de seis estações de monitoramento posicionadas em todo o globo, observando o campo magnético do astro, além de outras características.
As medições sugerem que a nova mancha solar vem crescendo desde sua primeira detecção no outro lado do Sol na semana retrasada e agora está finalmente visível da Terra, onde continuará a ser monitorada.
Perigo
No dia 23, cientistas disseram que novas explosões estavam a caminho e deveriam atingir regiões do planeta neste fim de semana.
Pesquisadores temem que algum dia uma grande tempestade solar atinja a Terra, interrompendo boa parte da comunicação por satélite. Isso afetaria serviços de telefonia, de internet e de televisão, por exemplo, além da rede elétrica. Causaria um prejuízo estimado hoje em trilhões de dólares, podendo levar anos até ser totalmente restabelecido.
Esse cenário catastrófico, porém, não é o que está previsto para o momento.