Chefes das Procuradorias de Nova York e de outros seis estados dos Estados Unidos lançaram, nesta sexta-feira (6), uma investigação contra o Facebook para determinar se a rede social "asfixiou a concorrência e coloca em risco seus usuários".
A informação foi anunciada pela Procuradora-Geral do Estado de Nova York e líder da coalizão, Letitia James. Ela afirmou que "até mesmo a maior rede social do mundo precisa seguir a lei e respeitar os consumidores".
— Estou orgulhosa de liderar uma coalisão de procuradores-gerais para investigar se o Facebook sufocou competidores e colocar usuários em risco. Vamos usar toda ferramenta investigativa a nosso dispor para determinar se as ações do Facebook colocaram os dados do consumidor em risco, reduziu a qualidade das escolhas dos consumidores ou aumentou o preço da publicidade — afirmou Letitia.
Além de Nova York e Washington, os outros estados envolvidos são Colorado, Iowa, Nebraska, Carolina do Norte, Ohio e Tennessee. Até o momento, não se sabe se essas investigações serão coordenadas.
Apesar de não participar da investigação de vários Estados, o promotor estadual do Texas Ken Paxton anunciará uma investigação antitruste contra o Google, segundo o Wall Street Journal.
Além dessas investigações estaduais, o Facebook e o Google também são alvos das autoridades federais, como o Departamento de Justiça e a Federal Trade Commission (FTC), a agência de proteção ao consumidor dos Estados Unidos.
Preocupação com o poder de gigantes da tecnologia
As autoridades americanas estão preocupadas com o papel dominante de um punhado de gigantes da tecnologia nas comunicações e no comércio. O debate é de que empresas como Google e Facebook não são imparciais, que apenas reproduziriam conteúdo da população (como um simples megafone). A crítica é de que elas influenciam no debate público e moldam a interação da sociedade — lucrando com isso, sem comprometer-se a cuidar dos possíveis efeitos negativos, como dar voz a conteúdo racista e preconceituoso.
Desde o início do escândalo Cambridge Analytica em março de 2018, quando uma empresa de marketing britânica usou sem consentimento os dados de 90 milhões de pessoas para campanhas eleitorais, Google e Facebook estão sendo analisados com lupa por Estados Unidos e Europa. A preocupação é com os dados pessoais.
No final de julho, as autoridades impuseram ao Facebook uma multa recorde de US$ 5 bilhões por não proteger os dados pessoais de seus usuários.
Nesta semana, o site especializado TechCrunch informou que os números de telefone vinculados a mais de 400 milhões de contas do Facebook foram armazenados em servidor vulnerável, com risco de ser acessado por hackers.
O Facebook admitiu parcialmente a culpa, mas minimizou o incidente, garantindo que o número de contas confirmadas até agora é de cerca da metade dos 419 milhões mencionados e que muitos desses registros eram antigos.
Na quarta-feira, o YouTube - de propriedade do Google - concordou com a justiça em pagar uma multa recorde de US$ 170 milhões nos Estados Unidos e prometeu proteger melhor os dados das crianças que navegam na plataforma de vídeo online.
O Facebook também apresentou em agosto uma nova ferramenta para que seus usuários possam controlar seus dados obtidos pelo grupo fora da rede social, em uma tentativa de se mostrar mais pró-ativo na proteção de informações pessoais.