Quem foi comprar frutas e verduras neste sábado (25) na principal feira de Osório, no Largo do Estudantes, foi surpreendido com uma verdadeira aula de Química. Foi ali que se encerrou uma carreata em homenagem à estudante Juliana Estradioto, 18 anos, e a sua orientadora, a professora Flávia Twardowski. A dupla esteve na semana anterior em Phoenix, nos EUA, onde representou o Instituto Federal do Rio Grande do Sul na Intel International Science and Engineering Fair (Intel ISEF). Juliana voltou da viagem premiada com o primeiro lugar na categoria Ciência dos Materiais.
A gaúcha viajou com uma delegação de 25 brasileiros de diferentes regiões para a competição, que reúne estudantes de 81 países. Foi a única do grupo a conquistar um primeiro lugar no evento.
— Até hoje, só ouvi falar de três brasileiros, contando comigo, que conquistaram o primeiro lugar na Intel. É realmente muito difícil. Acreditava que seria impossível. Quando ouvi que a representante de Osório era a vencedora, pensei "não pode ser eu, deve haver outra cidade chamada Osório no mundo" — lembra Juliana.
Na homenagem deste sábado (25), Juliana e Flávia desfilaram pelas ruas da cidade sobre o caminhão de bombeiros, que foi seguido por uma fila de carros. No Largo dos Estudantes, participaram de solenidade de reconhecimento pela sucesso da pesquisa por elas desenvolvida. O projeto premiado pela Intel criou um plástico a partir de resíduos de noz de macadâmia, que pode ser usada em curativos e embalagens. O composto é biodegradável e pode ser obtido por meio de um processo biológico, sendo menos agressivo para o meio ambiente do que processos químicos.
— Fiquei muito feliz com a homenagem na minha cidade. É muito bonito esse tipo de reconhecimento, pois também estimula outros jovens da região a se envolver com o estudo e a pesquisa científica. Muitos estudantes daqui também já perceberam que é possível mudar o mundo a partir da pesquisa, com responsabilidade e sustentabilidade — diz Juliana.
O projeto com Juliana foi o sétimo que a professora Flávia conseguiu levar para a Intel.
— O evento deste sábado homenageia nosso trabalho e também mostra para a sociedade que o ensino e a pesquisa nas instituições federais são importantes não só para a comunidade como para a sociedade em geral, gerando informação e reconhecimento para o Brasil e para o mundo — avalia Flávia.
Com o Ensino Médio concluído no ano passado, Juliana está se dedicando aos estudos para cursar Química.
— Meu sonho é seguir estudando e pesquisando, quem sabe trazer um Prêmio Nobel para o Brasil. Também tenho ajudado a divulgar a pesquisa em Ensino Médio por meio do perfil Meninas Cientistas, no Instagram, e conversando com alunos de outras cidades do RS. É um modo de agradecer ao apoio e ao reconhecimento que tenho recebido — afirma Flávia.