A Campus Party Brasil é uma experiência imersiva. A programação, que vai até o próximo domingo (17), leva os 8 mil campuseiros - nome dados aos frequentadores acampados no evento - e demais visitantes a um mergulho profundo no universo da tecnologia, da educação, do empreendedorismo, da inovação.
Durante as mais de mil horas de programação distribuídas em praticamente 24 horas por dia, os visitantes que passeiam pelos 14 mil metros quadrados do Expo Center Norte, em São Paulo, podem assistir a palestras, frequentar workshops, pilotar drones e vivenciar realidades paralelas com simuladores espalhados tanto na área gratuita quanto na fechada.
A galpão foi dividido em três áreas: o camping que tem, aproximadamente, 5 mil barracas montadas; a arena com sete palcos, onde ocorrem palestras e bate-papos simultâneos pagos; e, por fim, a open campus, área gratuita na qual é possível ver de perto os experimentos de diversos estudantes, brincar e, inclusive, receber mentoria para projetos.
Ao longo dos três primeiros dias em que GaúchaZH acompanhou o evento, a frase mais dita pelos visitantes nos corredores da feira e pelos palestrantes no palco é a mesma: " o futuro é agora". E, realmente, parece. Dentre os vários exemplos citados, a realidade aumentada resolverá problemas mecânicos em automóveis e celulares e demais dispositivos identificarão emoções humanas a ponto de descobrir mentiras, dando fim à poker face.
Se agora vivemos a revolução 4.0, palestrantes como a cientista norte-americana Poppy Crum destacaram que vivemos a era da empatia e da busca pela compreensão do outro. Nina Silva, executiva do ramo da TI, apontou que a tecnologia é uma poderosa ferramenta de emancipação de velhas amarras sociais e uma arma a ser usada na luta pela igualdade de direitos de gênero e raciais.
Professores das mais diversas escolas públicas e privadas do Brasil mostraram como a robótica é um instrumento multidisciplinar capaz de ser aplicado em sala de aula para que os estudantes coloquem em prática conhecimentos adquiridos nas aulas de biologia, química e física. Mulheres painelistas reivindicaram seus postos como pesquisadoras e tecnologistas.
Para edição deste ano, o responsável pela Campus Party, Tonico Novaes, afirmou que um dos objetivos do evento era aproximar polos que, em tese, parecem opostos.
— Além de investirmos em grandes nomes de cada área de conhecimento para os palcos, buscamos também trazer para as academias e workshops atividades que deem oportunidade para o campuseiro absorver e colocar em prática todo o conhecimento adquirido — afirmou.
As filas para os simuladores eram grandes. Sempre. Independentemente do dia e horário. Todos ansiosos para mergulhar em um universo completamente diferente no qual eram pilotos, astronautas ou um personagem que precisava executar uma missão quase impossível.
As competições de modding (transformação) de computadores são um show à parte. Apesar de os competidores não ganharem prêmio algum, eles se esforçam para deixar as máquinas o mais coloridas e diferentes possível.
Em sua palestra, a cientista norte-americana, Poppy Crum, destacou que os movimentos naturais da pupila do olho delatam o quanto o nosso cérebro está se esforçando para entender algo. Com o avanço da Inteligência Artificial dos dispositivos móveis isso ficará ainda mais evidente e revelará se estamos mentindo que estamos prestando atenção.
As fileiras e mais fileiras de barracas contabilizam mais de 5 mil barracas. Ali estão acampando jovens geeks das mais diversas partes do Brasil. Ônibus universitários e de institutos federais desembarcaram milhares de adolescentes. Mas apesar da aparente harmonia, muitas são as reclamações de quem é acordado pelo despertador do vizinho de camping.
As competições de games invadem madrugadas e mobilizam tanto geeks quanto o público que fica ao redor assistindo e torcendo como se fosse uma partida de futebol.