Pesquisadores da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) confirmaram a descoberta de fósseis de pelo menos seis filhotes de Dinodontossauro, uma espécie primitiva de réptil, durante pesquisas no interior do Rio Grande do Sul. Os fósseis foram encontrados em 2012, mas, para a divulgação, foi necessário aguardar a conclusão de pesquisas. A descoberta foi publicada na última segunda-feira (15) na revista científica internacional Historical Biology, em artigo que fala sobre o comportamento desses animais, considerados parentes distantes dos atuais mamíferos.
Os fósseis foram descobertos por um grupo de pesquisas durante coletas em Dona Francisca, município no Centro do Estado. Desde então, o material passou por processo de limpeza da rocha e isolamento do material. Os restos foram encontrados aglomerados uns sobre os outros, em uma associação bastante rara, segundo os paleontólogos.
Uma das principais conclusões do artigo publicado nesta semana, que tem como autor principal o mestrando na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Gianfrancis Ugalde, é que os animais andavam em grupos. Embora tivessem grandes presas que os defendiam de predadores, os Dinodontossauros eram bastante vulneráveis ao ataque de grandes répteis.
— A formação de manadas é bastante comum em herbívoros atuais. Além de ajudar na proteção contra predadores, as manadas contribuem em uma maior taxa de sobrevivência dos filhotes a riscos como fome e doenças. Os novos fósseis comprovam que esse comportamento surgiu muito antes da origem dos próprios mamíferos — explica o paleontólogo Felipe Pinheiro, professor da Unipampa.
No Brasil, o Dinodontossauro é o subgênero mais comum dos Dicinodontes, pertencentes à grande linhagem que deu origem aos mamíferos. Os dicinodontes eram os principais herbívoros durante boa parte do período Triássico, há cerca de 240 milhões de anos. Quando adulto, o animal chegava a ter 2m50cm e meia tonelada. Já os filhotes, segundo o professor, tinham o tamanho semelhante ao de cachorros.
Os fósseis encontrados em 2012 estão depositados no acervo do Laboratório de Paleobiologia do Campus São Gabriel da Unipampa.