O biólogo gaúcho Francisco Mauro Salzano morreu, aos 90 anos, na noite desta quinta-feira (27), em Porto Alegre. Nascido na cidade de Cachoeira do Sul em 1928, Salzano foi um pesquisador de projeção internacional. Ao longo de sua vida profissional, a maior parte dedicada ao estudo da genética humana, Salzano recebeu diversos prêmios, como o Annual Award, da Ibero American Society of Human Genetics, em 1997, e o Franz Boas Distinguished Achievement Award, em 1999, concedido pelo conjunto de sua obra na área de Biologia Humana.
Reconhecido pelo seu trabalho de pesquisa, Salzano começou a colher os frutos de seu esforço logo após se formar em História Natural pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em 1950. Em 1952, realizou sua primeira apresentação em um congresso científico, em uma reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
As contribuições científicas saídas do laboratório de Salzano ao longo dos anos são incontáveis. A área que lhe deu renome internacional, contudo, foi o estudo genético dos índios sul-americanos, no qual começou a se aprofundar na década de 1950. As descobertas do pesquisador despertaram o interesse em várias universidades de fora do país, que tentaram contratá-lo. Salzano, no entanto, preferiu permanecer no Rio Grande do Sul.
— Acho que temos a responsabilidade de servir à sociedade na qual nos formamos — disse certa vez, em entrevista ao jornal Zero Hora.
Além de seus feitos acadêmicos e científicos, Francisco também era conhecido por seu enorme senso de justiça e humanidade. A porta de seu gabinete no departamento de genética ficava sempre aberta para receber a todos, do mais inexperiente estudante ao mais notório cientista.
Marcelo Salzano, neto de Francisco, conta que o avô nunca parou de trabalhar, ia de segunda a sexta-feira para seu laboratório no Campus do Vale, da UFRGS, em grande parte das vezes, das 8h às 19h.
— Ele tinha uma rotina e gostava de trabalhar. Quando não se sentia disposto para ir ao laboratório, trabalhava em casa. Nos domingos à tarde, ele assistia filmes. Também gostava de acompanhar jogos de futebol, principalmente os do Grêmio, time para o qual ele torcia — relembra Marcelo.
De acordo com o neto, o avô começou a enfrentar problemas de saúde logo após completar 90 anos. Depois de passar por uma cirurgia bem-sucedida na quarta-feira (26), começou a apresentar uma piora. Na quinta-feira, às 22h50min, Salzano morreu.
Nesta sexta-feira, a UFRGS decretou luto oficial de três dias em razão da morte do pesquisador. Com isso, a bandeira da instituição ficará a meio mastro até o domingo. Salzano era professor emérito da instituição e integrou o Departamento de Genética da universidade.
Ele deixa dois filhos, Felipe e Renato, e cinco netos, Ricardo, Marcelo, Ângelo, Fernando e Júlia. O velório ocorre nesta sexta-feira (28), às 11h, no cemitério Ecumênico João XXIII, em Porto Alegre, na capela 7. O sepultamento será às 18h30min.